Por Said Barbosa
Dib*
Dilma
vem enfiando os pés pelas mãos. Colocou ex-funcionário do FMI, empregado do
Bradesco, o “chicago boy” Joaquim Levi, para dar empurrãozinho ladeira abaixo
na já combalida economia brasileira. Em 2015 a recessão vem de mãos dadas com a
inflação. E isso, ironicamente, depois de sua campanha contra Osmarina Silva
ter acusado a candidata das ONGs internacionais de entregar a direção da
economia nas mãos da herdeira do Itaú, a dona Neca. Trocou apenas de banco. A
subserviência aos rentistas é a mesma. Sua arrogância e desrespeito para com a
classe política é o mais grave. Fizeram com que seu governo perdesse feio na
eleição para a Presidência da Câmara. A escolha do também arrogante e
incompetente Aloysio Mercadante como articulador político é algo inexplicável. É
o mesmo erro de alguns ex-presidentes derrubados no passado: menosprezar o Congresso.
Dilma tinha sido muito injusta com o seu principal aliado no Congresso no seu
primeiro mandato, o senador Sarney, nas eleições no Amapá em 2014. Agora, com
total “desprezo e ingratidão”,
cancelou a construção, pela Petrobras, da refinaria Premium 1, luta antiga de
Sarney, cujas obras estavam em andamento em Bacabeira (53 km de São Luís).
"O Maranhão recebeu apático uma decisão que é uma manifestação de
discriminação, desprezo, ingratidão e injustiça. Que culpa tem o Maranhão pela
corrupção e pela bagunça da Petrobras? Pagamos nós pela Lava Jato!",
questionou atônito José Sarney. E com razão, pois a obra já gastou, desde 2007,
R$ 1,8 bilhão, em valores não-atualizados. Quer dizer: Dilma tucanou de vez.
Encarnou José Serra. Talvez por coisas absurdas como esta que Lula, que não é
bobo, esteja cada vez mais longe da cria. Isto porque Serra odeia tudo que
possa beneficiar o Norte e o Nordeste e todos aqueles que tentam acabar com as
desigualdades regionais. Por isso detesta Sarney. O ex-governador paulista
sempre foi contra a Ferrovia Norte-Sul, por exemplo. Foi assim quando como
deputado, senador e ministro. Serra votou e agiu sistematicamente contra os
interesses das regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste na Constituinte. Na
votação do Orçamento de 1988, apresentou pedido de destaque para acabar com a
Ferrovia Norte-Sul. Felizmente foi derrotado. Serra e o tucanato paulista são
contra toda e qualquer medida que busque melhorar a situação social e econômica
das regiões Norte e Nordeste. Por isso não têm votos por lá. Dilma, ironicamente
salva nas eleições justamente pelo Norte e Nordeste (com grande votação no
Maranhão) deveria respeitar mais o povo daquela região, seus eleitores. Não
deveria dar uma de Serra. Deveria, sim, seguir exemplo justamente de Sarney. Ao
invés de punir o povo do Maranhão por causa das lambanças de seu governo na
Petrobras, deveria apoiar projeto de Sarney que cria o “estatuto jurídico da
empresa pública” para controlar melhor as estatais. Simples assim! É o PLS -
Projeto de Lei do Senado, Nº 207, que se arrasta desde 2009 no Congresso, sem
qualquer apoio de Dilma. A proposta seria de grande valia neste momento de
crise da Petrobras. Como o estatuto ainda não foi instituído (após quase 26
anos da promulgação da Constituição), a Petrobras vem se utilizando de
decreto-lei de 1998, do governo tucano, que permite à estatal "celebrar
contratos milionários" sem licitação. Isso certamente possibilitou os
atuais desvios. Além de obrigar a transparência nas indicações para cargos e nas
contas estatais, o projeto cria regras que garantem a sua função social, pois
estabelece que as estatais tenham que “desenvolver produtos e serviços para a
população de baixa renda, combater a desigualdade regional” e se preocupar com
“a inclusão ou atendimento aos deficientes físicos e mentais”. As estatais
teriam de reservar parte do lucro, no mínimo 10%, para essas atividades. Outra
sugestão é que as estatais nunca gastem em verbas publicitárias valores
superiores aos que destinarem as iniciativas sociais. Por que Dilma, ao invés
de reprimir investimentos da Petrobras no Maranhão, não aproveita o projeto de
Sarney para sanear a estatal? O ex-presidente tem razão em se indignar: “Que culpa tem o
Maranhão pela corrupção e pela bagunça da Petrobras?”. Eu respondo: nenhuma. A
culpa está na falta de apoio de Dilma a projetos que pudessem efetivamente
criar controle sobre os gatunos que assolam o patrimônio público.
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