No aniversário da capital, Sarney desponta como um dos
maiores políticos que a história do Amapá já registrou
Na
capa daquela primeira edição do Jornal do Dia, que chegou às bancas no dia 4 de
fevereiro de 1987, os destaques eram os 229 anos de Macapá e a abertura da
Assembleia Nacional Constituinte, feita em clima de euforia. A tal euforia era
por conta do início da elaboração da sétima Constituição feita por
constituintes eleitos pelo povo livre e direto. O então presidente José Sarney
destacava a importância do momento: “esta Constituição deve ser atemporal”. Muita
coisa mudou de lá para cá. Outras, porém, continuaram com seu mais alto grau de
importância na história, como é o caso da trajetória política de Sarney e seus
feitos pelo Amapá. Depois de mais de 60 anos de vida pública, José Sarney
deixou no último domingo (1) o Senado, mas não a política. Passou para a
história com um dos mais longevos representantes da classe política no País,
onde galgou todos os cargos, desde vereador, passando por deputado estadual,
federal, senador e finalmente presidente da República, assumindo o cargo na
famosa crise institucional com a morte de Tancredo Neves. Por longos quatro
anos, no Planalto, administrou com maestria política uma Aliança Democrática
conduzindo o País num complicado antagonismo, mas sempre disposto ao diálogo,
entendimento e participação equitativa nos ministérios. Ao deixar a Presidência
da República e ainda potencialmente jovem para encarar outros desafios, através
de um amigo sempre fiel, o ex-governador Jorge Nova da Costa recebeu o honroso
convite para vir ao Amapá e aventar a possibilidade em disputar uma vaga para o
Senado da República. Inicialmente sofreu forte resistência dos políticos
locais, acreditando ser mais um “paraquedista” a desembarcar no novo Estado do
Amapá. Com paciência e determinação pediu para visitar todos os pioneiros. E
uns dos primeiros foram os nossos fundadores Otaciano e Irene Pereira, que
inclusive, colocou o Jornal do Dia a sua disposição para divulgar suas ideias
assim como fizeram com todos os outros políticos tucujus. Por conta de
programas sociais quando presidente da República, como o “Leite do Sarney”. A
grande quantidade de nordestinos vivendo na Linha do Equador, com destaques
para os maranhenses que aqui chegaram para trabalhar na agricultura – vide o
distrito de Carnot em Calçoene – e na plantação de pinus no Sul do Amapá, foi
determinante para alcançar retumbante vitória. Usava bordões fáceis de entender
como “O Amapá vai ter força no Senado” ou “Eu vim aqui para servir”, em
célebres caminhadas nas ruas e apertos de mãos e abraços nos eleitores. Por
três legislaturas em sequência Sarney mostrou sua “força” ao tirar o Amapá
Estado de um grande apagão através do empréstimo das Usinas Termelétricas de
Camaçari, numa generosa doação do amigo, governador baiano Antônio Carlos
Magalhães. E daí por diante Sarney não só beneficiou o Amapá com grandes
projetos como: a Área de Livre Comércio de Macapá e Santana (ALCM), Usina
Termelétrica de Santana, Zona Franca Verde, Zona de Processamento de Exportação
(ZPE), pavimentação da BR 156, pontes para o município de Mazagão e o Linhão e
Tucuruí, prestes a ser interligado com o sistema amapaense, só para citar
alguns dos seus muitos importantes projetos. Estrategista de escol, seu
gabinete em Brasília sempre foi alvo de uma procissão e políticos de todo o
Brasil. Sempre a espera de um minuto de prosa ou mesmo alguns outros em
conversa visando beneficiar seus municípios, bastando para isso um telefonema
de Sarney para um ministro ou mesmo para um presente se bancos oficiais e
estatais, que dentro das possibilidades os pedidos eram atendidos. Recebia seus
amigos do Amapá sempre logo no início do expediente, impreterivelmente. Por
duas vezes assumiu a Presidência do Senado da República ajudando o presidente
Lula por dois mandatos a governar o País. E fora da Presidência da Câmara Alta
era o conciliador, o pacifista que o Planalto tanto usou e precisou. Como todo
político tem uma vasta legião de amigos e correligionários e uma minoria que
prefere considerá-los como adversários e não inimigos. Costuma relembrar uma
frase épica do estadista Tancredo Neves, que leva consigo sempre, como: “O
adversário de hoje pode ser o aliado de amanhã”. Mas mesmo com toda a paz do
seu coração, seus poucos adversários no fundo o reconhecem como homem probo,
inteligente, capaz e conciliador e mesmo torcendo ao contrário, pelo menos, uma
vez na vida já precisaram dos bons conselhos e ajuda daquela velha “Raposa
Felpuda” a política nacional. Hoje o Homem Sarney optou por ficar mais perto de
sua fiel escudeira, Dona Marly Sarney, filhos e netos, com quem dividiu as alegrias
e tristezas, mais a primeira que a segunda, abrindo mão daquilo que mais gosta
de fazer: política. Vai ficar numa espécie de ponte aérea entre São
Luís/Brasília/Macapá, onde continuará a receber seus amigos. Agora, além das
conversas políticas, assuntos mais palatáveis como a respeito de seus inúmeros
e memoráveis romances, boas recordações e para quem solicitar seus bons
conselhos estará sempre disposto dá-los, isso partindo de quem já viveu o
suficiente para mostrar o caminho retilíneo a que devam seguir. E nós aqui da
Família Jornal o Dia nos sentimos honrados de fazer parte do círculo de amizade
do presidente Sarney. E é assim que vamos tratá-lo daqui por diante. Volte
sempre presidente e se sinta em casa. Nós aqui estaremos sempre de braços abertos,
fraternalmente a receber a si e seus familiares.
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