quinta-feira, 28 de junho de 2012

Cotas sociais para ingresso em universidades, uma questão de sustentabilidade


Por Maria Christina Toledo Simões*

Não é difícil perceber o quanto um país com as dimensões do nosso Brasil, cujas diretrizes políticas apontam para a democratização da educação, precisa de esforços coletivos que contribuam para a realização de ações concretas nessa direção. A sociedade brasileira vive hoje um dos momentos mais significativos de aceleração do processo de desenvolvimento nacional. Contudo, como esse fato não ocorre de forma isolada e o desenvolvimento traz consigo consequências muitas vezes nocivas à vida, torna-se necessária a adoção de políticas sustentáveis, cujo caráter deve ser, acima de tudo, o da valorização de todas as formas de vida existentes no ecossistema, em destaque para a vida humana. Pensar em qualidade de vida para a humanidade significa pensar em questões que preservem a vida, não somente em termos da integridade ambiental, mas em termos da complexa interrelação existente entre diversos setores e que envolvem situações relacionadas à pobreza, ao consumo, à saúde, à moradia, aos conflitos e à violação dos direitos. Entre os direitos previstos constitucionalmente para o cidadão está o da educação de qualidade para todos. Nessa perspectiva, a criação de oportunidades para o pleno exercício dos direitos, como aquelas que se manifestam a favor das cotas sociais, contemplam a singularidade dos sujeitos e favorecem os desiguais, medida que vai ao encontro dessa concepção. Uma sociedade que se deseja justa e plural para as gerações presentes e futuras requer políticas que gerem impactos na vida das pessoas, como as propostas pelo Programa Universidade para Todos (ProUni), que vêm possibilitar, minimamente, a integração de vítimas de políticas limitadoras e de grupos desfavorecidos, cujos direitos foram historicamente negados ou restringidos. O maior desafio que se apresenta no cenário atual é o das pessoas ressignificarem os olhares, refletindo sobre as responsabilidades globais e ampliando a compreensão acerca do direito inalienável do cidadão a uma educação universitária e científica, mecanismo legítimo e estimulador do crescimento inclusivo, sustentável e redutor do abismo socioeconômico. Ainda hoje, pela falta de condições de atendimento da imensa demanda por ensino superior requerida pelos estudantes que concluem o ensino médio, as universidades brasileiras selecionam e contemplam alunos provenientes de camadas mais favorecidas. Dessa forma, medidas como as previstas pelo ProUni são opções cuja gênese está pautada em princípios defendidos por uma proposta sustentável e que visam a contribuir com a redução das desigualdades sociais e econômicas vividas por grande parte da população estudantil no Brasil.

* Maria Christina Toledo Simões é orientadora educacional, coordenadora de programas educacionais e consultora pedagógica na Vitae Futurekids - Planeta Educação

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