Senador em primeiro mandato, Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) falou com exclusividade ao Metro sobre a atuação na CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) do Cachoeira, a montagem de uma ala independente para enfrentar possíveis direcionamentos das investigações e o projeto político que, no futuro, pode incluir a disputa do cargo mais alto da República.
A CPMI perdeu o rumo?
Não. Meu sentimento é de que a CPI sabe onde tem que seguir, mas tem demonstrado medo. É como uma pessoa que vai para o aeroporto com passagem na mão e não embarca porque tem medo de avião. A investigação não é mais sobre a contravenção.É a negociação de porão da Delta.
Por que a CPI não produziu nada até agora?
Por uma razão apenas: a CPI está com receio das relações que serão inevitavelmente descobertas. Uma rede de contatos que, sozinha, justificaria o temor de não seguir em frente e blindar depoimentos como os do Pagot e do Cavendish.
Se ao final, a CPI terminar em pizza, como o senhor acredita que a sociedade vai interpretar?
Será a maior desmoralização da história do parlamento. Isso ficará claro. Onde reside minha esperança é na pressão da sociedade e da imprensa para que a CPI siga adiante.
O que motivou a criação do bloco independente?
Queríamos constituir um grupo sem interesses partidários. Sempre nos pautamos pela estratégia de viabilizar a CPI e evitar que ela seja derrotada, investigando quem tiver que investigar. Temos um núcleo fiel. Pelo menos sete são ponta-firme e vão seguir nessa linha.
Como o grupo é visto pelos demais integrantes da CPI?
Todos os que não querem a investigação não vão aprovar a nossa postura. Me cederam uma vaga que seria do PSDB-DEM, mas sou atacado por todos os lados por ser independente. A estratégia de desqualificação existe, é da política.
Existe o temor de que os parlamentares fiquem isolados ou sofram retaliação?
Isolamento na política sempre é ruim. Claro que vamos sempre buscar apoio. Nenhuma ação me preocupa. Estou consciente do que devo fazer no meu mandato.
A sua atuação é comparada às de Heloísa Helena e Marina Silva, que, com o destaque adquirido, concorreram à Presidência. O senhor persegue o mesmo sonho?
Lógico que quem está na política tem pleitos eleitorais. Participo sem expectativas. Uso a frase: “Cada dia com sua agonia”. Minha concentração agora é para que a CPI dê certo. O que vier para o futuro não posso prever. Não vim para o Senado com esse objetivo. Tudo tem seu tempo abaixo dos céus. O tempo agora é de CPI.
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