Nenhum pedido de Cachoeira ou da Delta foi atendido, diz ex-auxiliar de Agnelo
Cláudio Monteiro, ex-chefe de gabinete do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), disse na CPMI do Cachoeira que nenhum pedido relacionado ao esquema do contraventor Carlinhos Cachoeira ou à empreiteira Delta foi atendido pelo governo petista. Em resposta ao senador Alvaro Dias (PSDB-PR), que citou trechos de interceptações telefônicas sobre pedidos feitos a ele, Monteiro respondeu: “Para haver uma irregularidade tem que haver causa e efeito. Foram feitos pedidos, mas nenhum foi atendido. Não houve o efeito, é isso que me defende”, disse ele. Monteiro admitiu ter recebido o ex-diretor da Delta no Centro-Oeste Cláudio Abreu, mas disse que o encontro foi realizado para tratar da prestação de serviço de coleta e tratamento de lixo, contrato que a empresa tinha por licitação feita pelo governo anterior. "Ninguém sabia àquela época que era uma empresa inidônea", disse. Segundo Monteiro, não houve nenhuma conversa sobre sistemas de bilhetes eletrônicos no transporte público do DF. Escutas telefônicas da PF dão conta de que havia um plano da organização de fraudar licitações nessa área. Duas reuniões, segundo Monteiro, ocorreram por uma reclamação da Delta de que o governo não estava cumprindo sua parte na infraestrutura do processamento de lixo. Ele negou tráfico de influência de sua parte, embora tenha admitido amizade com alguns investigados pela PF e pela Polícia Civil do DF. Ele admitiu ter relação de amizade com João Carlos Feitoza, seu indicado para o cargo de subsecretário de Esportes, e Marcello Lopes, amigo e auxiliar de campanha, que trabalhava como seu segurança. Os dois foram convocados para depor hoje, mas obtiveram habeas corpus no STF para permanecer em silêncio. Monteiro também admitiu que seu filho, João Claudio Monteiro, tinha contratos com a Delta para aluguel de veículos destinados ao transporte de resíduos sólidos. No entanto, ele disse que essa prestação de serviço não era de sua responsabilidade no governo e que isso nunca foi discutido com o governo ou com a Delta. Ele disse que tinha um relacionamento superficial com Idalberto Martins, o Dadá, apontado pela PF como o espião de Cachoeira. Disse que Dadá o ajudou na campanha e que havia comparecido a um evento promovido por ele em apoio ao handball.
Vender prestígio
Citado em escutas telefônicas como possível facilitador do esquema de Cachoeira, o ex-chefe de gabinete atribuiu a citação do seu nome por dezenas de vezes nas interceptações telefônicas da Polícia Federal a pessoas que queriam vender prestígio. “Algumas pessoas querem mostrar têm bom relacionamento e que podem agir como facilitadoras de negócios”, disse. Afirmou que algumas pessoas chegam a ir para a antessala de uma autoridade e ficam fazendo ligações de lá. “Dizem: estou aqui na antessala de fulano. Realmente estão, mas não foram lá para pedir audiência, só para telefonar”, afirmou. Fundador e primeiro presidente do Sindicato de Policiais Civis do DF, candidato derrotado a deputado distrital pelo PRP, Monteiro disse que tomou a decisão de deixar a chefia de gabinete do governador para não haver nenhum impedimento à investigação. Ele afirmou que entregou os dados dos seus sigilos ao Ministério Público. “A mim interessa a apuração”, disse. Monteiro disse também que entrou na Justiça contra as pessoas que envolveram seu nome: Idalberto Matias, Cláudio Abreu e um delegado da Polícia Federal.
Reportagem - Marcello Larcher
Edição - Wilson Silveira
Edição - Wilson Silveira
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