O primeiro convocado a ser ouvido será o prefeito de Palmas, Raul Filho (PT), já na próxima terça-feira (10).
Leonardo Prado
Convocações foram aprovadas em bloco e por unanimidade.
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira aprovou em bloco e por unanimidade (28 votos), nesta quinta-feira, diversos requerimentos de convocação de testemunhas, entre elas o ex-presidente da Delta Construções S.A. Fernando Cavendish, o ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) Luiz Antônio Pagot e o prefeito de Palmas, Raul Filho (PT). O relator da comissão, deputado Odair Cunha (PT-MG), confirmou o depoimento do prefeito para a próxima terça-feira (10). Também foi aprovada a convocação do engenheiro Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo “Preto”, acusado por Pagot de tentar fazer caixa dois para o PSDB de São Paulo com recursos públicos (do Dnit); do empresário paulista Adir Assad, que atua nos segmentos de construção civil e eventos, dono de empresas pelas quais teriam transitado recursos da Delta; e de Andréa Aprigio, ex-mulher do contraventor Carlos Augusto de Almeida Ramos, Carlinhos Cachoeira.
Foi aprovado ainda convite ao juiz federal Paulo Moreira Lima, que deixou o comando do processo contra Cachoeira, em Goiás, depois de ter sofrido ameaças. Cachoeira está preso desde fevereiro, acusado pela Polícia Federal e Ministério Público de chefiar um esquema de relações ilícitas com empresários e agentes públicos para favorecer seus negócios.
Polêmica
Houve polêmica para aceitar a convocação de Paulo “Preto”. O PSDB disse que só concordaria se fosse convocado também o deputado federal José de Filippi (PT-SP), que teria procurado Pagot para que ele ajudasse na arrecadação de recursos junto a empreiteiras para financiar a campanha eleitoral da então candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff. A CPMI aprovou a convocação do engenheiro ligado ao PSDB e rejeitou por 17 votos a 10, em votação separada, a convocação do parlamentar petista. Odair Cunha afirmou que não havia motivos para convocar Filippi neste momento porque ele não era acusado de nenhum crime, pois fazia arrecadação de campanha. “Não estamos investigando caixas de campanha, mas uma organização criminosa com tentáculos em diversos estados do País. Não há razão de inclusão do depoimento do deputado José de Filippi”, disse. De acordo com Cunha, não houve imputação de crime a José de Filippi na entrevista de Pagot à revista IstoÉ, em abril. “O Pagot imputa ao Paulo 'Preto' a prática de um crime. No caso do deputado José de Filippi não há imputação de prática de crimes”, afirmou.
Desmoralização da CPMI
O PSDB acusou Cunha de partidarizar as investigações e de desmoralizar a comissão. O deputado Domingos Sávio (PSDB-MG) disse que Cunha estava citando uma informação que não estava na matéria da revista, ou seja, a de que os recursos solicitados seriam legais. Para ele, o relator estava atuando como advogado de defesa de Filippi, o que demonstraria o caráter partidário da atuação do relator. “Vamos convocar Filippi pela mesma razão da convocação do Paulo Preto”, afirmou. O autor do requerimento, senador Alvaro Dias (PSDB-PR), disse que politizar a CPMI seria não convocar o deputado. “Pagot, em relação a Paulo 'Preto', ouviu dizer, não viu nada. Em relação ao José de Filippi, ele fez do Dnit a tesouraria do PT”, ressaltou, reafirmando a tese da desmoralização da comissão. O senador Walter Pinheiro (PT-BA) e o líder do PT na Câmara, deputado Jilmar Tatto (SP), disseram que o pedido de convocação de Filippi era uma tentativa do PSDB de levar a presidente Dilma Rousseff para a CPMI. “A comissão teve o mérito e a ousadia de propor com coragem a convocação de Cavendish, Pagot e Paulo Preto. Seus amigos te rifaram Paulo Preto”, disse Tatto.
Ouvir Cachoeira na prisão
A comissão adiou a decisão sobre uma diligência de três parlamentares à penitenciária da Papuda, em Brasília, para tentar ouvir Cachoeira. Foi discutida a substituição do requerimento por um convite para ele depor na comissão, mas também não houve acordo, pelo fato de a reunião ter sido esvaziada – apenas cinco integrantes estavam na sala na hora desse debate. O requerimento sobre a visita foi apresentado pelo deputado Luiz Pitiman (PMDB-DF) depois de a mulher de Cachoeira, Andressa Mendonça, dizer em entrevista ao Fantástico, da Rede Globo, que o marido “está disposto a contar tudo o que sabe, tendo muito o que dizer e quer contribuir". O deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) disse ter recebido informação do advogado de Cachoeira, Márcio Thomaz Bastos, de que seu cliente daria depoimento na Justiça em 24 ou 25 de julho e que não falaria nada antes disso.
Agência Câmara
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