segunda-feira, 18 de junho de 2012

Apolitismo como ameaça à democracia inaugura primeiro ciclo de debates do Fórum Senado Brasil 2012


Não só as ditaduras são inimigas da democracia, mas também o apolitismo. As tiranias, em todas suas formas, são o inimigo externo e o afastamento da política, o grande adversário interno. É o que defende o filósofo francês, Francis Wolff, conferencista de “O apolitismo, a maior ameaça à democracia”, do ciclo de debates “Democracia em tempos de mutações” que começa nesta quarta-feira (dia 20.06) no Senado Federal, e se realiza sempre às 18h30, no auditório do Interlegis. O evento se estenderá por 11 dias consecutivos (até 7 de agosto), com a presença de renomados pensadores contemporâneos, brasileiros e estrangeiros. Francis Wolff tece a seguinte imagem: o povo está para a democracia, como Don Juan para as mulheres – a conquista mobiliza toda a sua energia, mas a posse o entedia. “O povo parece politizado quando aspira à democracia, mas se ele a obtém, afasta-se da política”, insiste. Wolff é professor de filosofia da École Normale Supérieure de Paris. Foi professor na Universidade de Paris-Nanterre e na Universidade de São Paulo (USP). É autor de artigos e livros dedicados à filosofia antiga, à filosofia da linguagem e à metafísica contemporânea (confira programação e conferencistas no site do evento). http://www.senado.gov.br/senado/forumsenado2012/. A palestra agendada para o dia seguinte (quinta-feira, 21.06) é do também francês e filósofo Charles Girard, sobre “O consenso na democracia – igualdade, unanimidade e legitimidade”. Ele discute a idéia, suas contradições e limites a serem delineados: “Em um sistema fundado sobre a regra da maioria, os membros da minoria – submetidos a leis que não aprovaram – podem julgar que não são verdadeiramente ‘tratados com igualdade’ em relação aos membros da maioria – submetidos a leis que aprovaram”. Nesse caso, argumenta, é preciso então definir o que a maioria tem direito de impor, ou não, à minoria. Charles Girard é doutor em filosofia e é professor da Universidade Sorbonne de Paris.


Fórum Senado Brasil 2012

Tendo como moderador nos dois primeiros dias de debate o jornalista e professor brasileiro Adauto Novaes, o ciclo de debates que investiga o tema democracia em seus diferentes aspectos, inaugura o Fórum Senado Brasil 2012. Trata-se de uma das atividades de comissão especial do Senado, instituída pelo presidente José Sarney, para fomentar a reflexão na Casa. Presidida pelo embaixador Jerônimo Moscardo, a comissão cuida da realização de seminários especiais que no decorrer do ano debaterão grandes temas da atualidade, como os desafios das democracias modernas, as crises financeiras, cultura e conhecimento na era da tecnologia. Para o presidente Sarney, “temas como esses devem fazer parte da reflexão do Senado Federal. Para isso, vamos convocar grandes figuras da cultura universal e iniciar diálogos que possam alargar nossos horizontes e abrir os cenários do nosso futuro.” O Fórum busca envolver o Legislativo e a sociedade brasileira, numa avaliação da primeira década do século XXI, como forma de se pensar o futuro.

Secretaria de Imprensa da Presidência do Senado Federal

Artigo

BRASIL 2012

O Parlamento brasileiro sempre refletiu o que havia de mais avançado em matéria de pensamento na sociedade de seu tempo. Assim, as ideias que traziam os membros da Assembleia Constituinte e Legislativa de 1823 tratavam de liberdade de imprensa quando não existia a imprensa, discutiam-se os predicamentos da magistratura quando não tínhamos magistratura, deliberava-se que ninguém poderia ser preso senão em flagrante delito quando o canhão estava à porta. José Bonifácio tratava dos problemas do índio e do negro. Essa a matéria fundadora que sempre inspirou o Senado Federal. Neste começo de milênio, passamos por uma violenta transformação tecnológica que mudou a forma de nos comunicarmos. Mas outras vertentes do pensamento humano estão em constante transformação: a física, com a exploração da matéria e do infinito; a biologia, com o controle das estruturas que definem as espécies e a abertura de fronteiras inesperadas na área de saúde; a economia, com a ressurreição do estado de bem-estar social e a necessidade de controle das atividades financeiras; o meio-ambiente, com a questão da sobrevivência da humanidade; a democracia, com a abertura para novas formas de política que dispensam a representação para retomar suas origens. Temas como esses devem fazer parte da reflexão do Senado Federal. Para isso, vamos convocar grandes figuras da cultura universal e iniciar diálogos que possam alargar nossos horizontes e abrir os cenários do nosso futuro.


José Sarney foi governador, deputado e senador pelo Maranhão, presidente da República, senador do Amapá por três mandatos consecutivos, presidente do Senado Federal por três vezes. Tudo isso, sempre eleito. São 55 anos de vida pública. É também acadêmico da Academia Brasileira de Letras (desde 1981) e da Academia das Ciências de Lisboa.
jose-sarney@uol.com.br


Confira a seguir entrevista ao programa “Cidadania”, da TV Senado, onde o embaixador Jerônimo Moscardo, presidente da Comissão Organizadora do Fórum Senado Brasil 2012, apresenta o programa de palestras do encontro.


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