Sucesso mundo afora, os tablets chegam às escolas brasileiras este ano e devem enfrentar a resistência de professores
Cristina Romanelli/ Revista de História
Imagine uma escola sem quadro-negro, em que os alunos não copiam as matérias à mão, não fazem provas impressas, nem precisam carregar livros e cadernos pesados. Eles recebem todo o conteúdo das aulas pela Internet, têm acesso a mapas interativos de diferentes épocas e respondem a questionários virtuais com pontuação instantânea. Este cenário parece um filme futurista, mas já é realidade em algumas escolas norte-americanas, onde todo o material necessário para a aula está no tablet, um intermediário entre o laptop e o smartphone – celular que se conecta à Internet. Nos últimos meses, o aparelho com cerca de meio quilo começou a ganhar espaço em países como Índia, Tailândia, Coreia do Sul e... Brasil. Por aqui, a maior novidade é a decisão do Ministério da Educação (MEC) de investir cerca de R$ 150 milhões na compra de 600.000 tablets, que serão entregues no segundo semestre a professores do ensino médio de escolas públicas. Os alunos de Pernambuco já estão recebendo 156.000 tablets, e os de São Paulo, a partir de 2015, devem ganhar tablets, laptops ou outro aparelho que surja até lá. (...)
O tablet também vai enfrentar resistência daqueles que julgam não ser este o melhor momento para tamanho investimento em tecnologia. Há críticas às atuais condições das escolas e dos professores, que ainda não estariam aptos a lidar com a novidade. “Esses instrumentos são muito bem-vindos, mas os professores não estão preparados. Muitos aqui sequer levam os alunos às salas de informática, porque não sabem mexer nos computadores. A maioria dos professores está sobrecarregada e não tem como se atualizar nas tecnologias. O interesse de muitos não chega nem à biblioteca”, critica Maria de Lourdes Gonçalves, professora de Filosofia em uma escola estadual de São Paulo.
A professora de História Séphora Freitas, da rede estadual de Pernambuco, faz reclamações parecidas. “Temos turmas superlotadas, sem ventilação suficiente, e professores sem formação continuada, que fazem jornadas duplas ou triplas para compensar o salário. Quando tivermos profissionais valorizados e salas confortáveis, o tablet será bem-vindo”, afirma. Séphora denuncia o descaso com aparelhos de televisão, de DVD e com computadores, que estão frequentemente quebrados. Como então será a manutenção dos milhares de tablets? Como controlar o uso dos alunos em sala? Estas são questões que continuam sem resposta.
Em meio a tantas incertezas, a chefe do Departamento de História do Colégio Pedro II acredita que ostablets não podem substituir o livro. “Os tablets podem ser usados como material de trabalho acessório, mas não único, pois existem métodos de motivação em que uma pergunta pode causar mais impacto do que muitos equipamentos”, diz Silvana.
Talvez o investimento somente em tecnologia seja uma ilusão. Ainda no início do século XX, Thomas Edison (1847-1931), inventor da lâmpada elétrica, havia anunciado que os filmes, novidade na época, substituiriam os livros. Um século depois, os tablets aparecem com ares de revolução. Mas o investimento em objetos ainda não pode substituir o que é fundamental na área: pessoas capazes de refletir sobre conteúdos. (...)
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