Iara Guimarães Altafin
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“É preciso ver se as prioridades estão adequadas [às demandas da sociedade]. A posição da presidenta Dilma é de abertura, de tentativa de diagnóstico e de reagir de maneira adequada, sem a pretensão de ter um único remédio”. Assim reage o governo federal às manifestações que ocorreram no país nos últimos dias, nas palavras do ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho.
Aos senadores da Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA), Gilberto Carvalho afirmou que o momento requer humildade para entender o que está acontecendo no país e qual o propósito dos manifestantes.
O ministro concordou com a avaliação do senador José Agripino (DEM-RN), de que o preço das passagens no transporte coletivo pode ter sido o estopim, mas revela uma insatisfação generalizada na sociedade.
– Em São Paulo foi o transporte; no Rio, combina a Copa e o transporte; em Brasília, o que ressalta são questões da Copa. O transporte, convenhamos, é o que materializa, mas há uma insatisfação – reconheceu o ministro.
Ele mencionou a indignação de um manifestante, em Brasília, que reclamou do fato de o governo ter gasto R$ 1,2 bilhão para construir o estádio Mané Garrincha, enquanto os hospitais públicos, mesmo no centro da capital federal, ainda são precários.
Para Agripino, é evidente o desacordo entre as prioridades do governo e os anseios da sociedade.
– Alguns devem dizer, eu quero metrô e o governo aparece com o financiamento para geladeira e fogão. Eu quero solução para a fila do SUS e o governo aparece com o Estádio Mané Garrincha – disse o senador pelo Rio Grande do Norte.
Gilberto Carvalho observou que as prioridades até agora foram as definidas no programa de governo vitorioso nas últimas eleições, que resultaram em ações em favor do avanço e desenvolvimento do país.
– Estamos falando na geração pós-Bolsa Família, na geração pós-desemprego. A questão do desemprego hoje não é a questão gritante. São outras demandas que vão se apresentando e se olha para questões que antes nem se olhava, porque não se tinha o emprego e a alimentação – disse.
O senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) também acredita que as manifestações indicam que os avanços obtidos pelo país não são suficientes. Para ele, a agenda de governo, com foco na redução da pobreza e no consumo, não atende aos anseios da população, que pede qualidade dos serviços públicos, como saúde, mobilidade urbana e segurança.
– Essa indignação tende a aumentar frente à possibilidade de grande exposição, como na Copa das Confederações, com críticas à preparação dos grandes eventos, que estão custando caro e não deixam o legado que se esperava – opinou.
Já o presidente da CMA, Blairo Maggi (PR-MT), considera que os brasileiros, que se sacrificaram nos tempos em que o país enfrentava dificuldades, agora querem ser atendidos em suas necessidades.
– No tempo em que se pediu sacrifício, os brasileiros atenderam. Agora, quando se diz que o país é rico, que tem dinheiro para fazer grandes eventos, como a Copa do Mundo e as Olimpíadas, a população não entende que não sobrou nada para resolver seus problemas – disse Blairo Maggi.
Ao concordar com a avaliação dos parlamentares, Gilberto Carvalho apontou a complexidade das novas formas de mobilização, diferente do que se via até então, “com carro de som e lideranças com quem negociar”.
– Agora, eles mesmos disseram que não têm lideranças, nem carro de som, nem comando único. Portanto, é complexo o processo de compreensão – afirmou. Conforme o ministro, a presidente Dilma Rousseff estaria preocupada em fazer um diagnóstico “o mais claro possível” da situação, antes de definir as medidas que o governo federal deverá adotar.
Agência Senado
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