Conhecido por sua atuação como chefe da polícia política de Getúlio Vargas e por sua simpatia pelo nazismo, o senador Filinto Müller (1900-1973) pode deixar de nomear uma das alas por onde se distribuem os gabinetes dos senadores. A pedido do relator, senador Benedito de Lira (PP-AL), foi adiada a votação, marcada para esta terça-feira (22) do projeto de resolução (PRS 36/11), de autoria da senadora Ana Rita (PT-ES), que troca o nome da ala para Senador Luis Carlos Prestes.
Benedito apresentou seu voto pela rejeição do projeto, sob o argumento de que a alteração do nome da ala “abriria precedentes para novas mudanças, com base na revisão de nomes que foram consagrados em determinada conjuntura política e histórica”. Em sua opinião, as oscilações políticas e as reavaliações históricas não deveriam motivar a substituição de nomes em dependências do Senado.
- Disso resultaria um clima de insegurança e de sucessivas disputas ideológicas – afirmou Benedito ao apresentar seu voto contrário ao projeto.
Ana Rita, por sua vez, lembrou que o projeto entrava em pauta na comissão uma semana depois da instalação da Comissão da Verdade, destinada a apurar denúncias de abusos de direitos humanos durante o período do regime militar. Müller apoiou o regime, presidiu a Arena e foi líder do governo no Senado até 1973, quando morreu em um acidente aéreo.
- O argumento de que abriria precedente pode ser considerado, mas não deve ser um argumento absoluto. Em várias cidades brasileiras têm ocorrido mudanças de nomes de ruas – comparou Ana Rita.
Durante a discussão, o projeto recebeu o apoio dos senadores Cristovam Buarque (PDT-DF), Lídice da Mata (PSB-BA) e Randolfe Rodrigues (PSol-AP). O senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) propôs uma solução alternativa: dar o nome de Prestes (1898-1990), que foi secretário-geral do Partido Comunista Brasileiro, ao chamado “túnel do tempo”, que liga o Plenário às alas onde se encontram os gabinetes dos senadores.
Ao final da reunião, Benedito de Lira pediu que o debate fosse suspenso, para que o projeto seja colocado em votação na próxima reunião da comissão.
Agência Senado/ Marcos Magalhães
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