segunda-feira, 28 de maio de 2012

Sarney: A Abolição é um caminho aberto para a justiça social


Ao abrir a sessão solene do Congresso Nacional em comemoração aos 124 anos da Abolição da Escravatura, o presidente José Sarney declarou que tudo o que for feito em favor do negro será sempre menos do que a discriminação que sofreu e ainda sofre. Ele ressaltou que a data é central na História do Brasil. "A Abolição é uma obra em aberto. Os 120 anos que completa hoje mostram que pouco, muito pouco, foi feito depois daquela festa inicial. Há muito, há muito o que fazer. Vamos realizar o ideal de igualdade, de justiça social para com os descendentes dos escravos", argumentou. Lembrou que na sua gestão na Presidência da República foi inaugurada a política de cotas em favor dos negros. Como presidente da República, Sarney criou a Fundação Palmares, destinada a promover a ascensão da raça negra no nosso País. Recordou ainda que, como Presidente, rompeu relações culturais, políticas e esportivas com a África do Sul enquanto lá existisse o apartheid. "A escravidão não era apenas a falta da liberdade de ir e vir, de decidir seu destino: a escravidão era uma tortura contínua, sem limites que não fossem a morte e o desespero", destacou. Sarney relatou que no dia 13 de Maio de 1888, um domingo, o povo estava em festa, o Senado fez uma sessão especial. A Princesa desceu de Petrópolis. No Paço, sancionou a lei. A lei é singela: "é declarada extinta, desde a data desta lei, a escravidão no Brasil". Era apenas um pequeno texto legal, mas suas palavras e alcance constituíam sangue, dor, sofrimento e luta, registrou o senador.

E acrescentou: "O texto era a soma de tantos heróis e mártires, que pela vida e pela palavra abraçaram a causa da liberdade. Já Nabuco afirmava que era só o começo de uma grande caminhada. É um clarão de liberdade, mas apenas uma porta de entrada numa imensa obra de resgate de mulheres e homens, crianças e velhos, que haviam sido escravos ou eram descendentes de escravos. Uma obra que não realizamos, que nunca realizaremos em sua plenitude — pois ficará para sempre a mancha indelével do sofrimento — mas que precisamos nos esforçar, a cada dia, todos os dias, sempre, para realizar." O senador disse estar convencido de que o Brasil é uma democracia racial. Mas observou: "carregamos enorme carga de preconceito. Se não temos segregação racial, a discriminação racial faz parte de nosso quotidiano, numa forma especialmente insidiosa, a discriminação encoberta, mascarada, escondida, até mesmo inconsciente. A exclusão dos negros e da comunidade negra coincide em grande parte com a dos pobres. Mas, mesmo que superpostas, elas não podem ser confundidas. Os negros, entre os pobres, são os mais pobres; entre os que não conseguem o acesso à educação, a maioria; entre os doentes, os mais graves." Na opinião do senador Sarney o Brasil tem um caminho aberto que deve seguir o ideal de José Bonifácio que insistia: "educação, amparo à maternidade e à velhice, integração econômica e social têm que acompanhar a extinção do tráfego e a libertação". Além da vice-presidente do Congresso, deputada Rose de Freitas (PMDB-ES), os senadores Paulo Paim (PT-RS) e Cristovam Buarque (PDT-DF) - o primeiro signatário do requerimento para a sessão solene – participaram da mesa diretora.

Íntegra do discurso

Há quase cinco décadas Sarney atua em defesa da raça negra no Brasil

Secretaria de Imprensa da Presidência do Senado

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