domingo, 12 de fevereiro de 2012

Gilvam Borges

Banco dos Réus

A história está aí, repleta dos exemplos de inúmeras vidas, sacrificadas para que os estudiosos e a sociedade de um modo geral, pudessem construir algo de utilidade para todos. Por aqui, ou seja, no Brasil, foi preciso que José Maria da Silva Xavier, o Tiradentes, fosse à forca, por defender o desmembramento do Brasil do Reino de Portugal. À posteriori, o príncipe D. Pedro I, movido pelas circunstâncias políticas da época, desembainhou sua espada e bradou o famoso grito de "Independência ou Morte." O Mestre espiritual da cristandade, abalou os valores e convenções judaicas daquele tempo, através de sua mensagem de tolerância e perdão. Por isso, enfrentou Pilatos, o poder romano e foi levado à cruz. Coitado do grande Sócrates, obrigado a renunciar ao ensino da Filosofia e a beber cicuta, por sentença do conselho de poderosos da Grécia Antiga. No distante subcontinente indiano, Mahathma Gandhi, derrubou o colonialismo inglês em sua pátria e enfrentou prisões e humilhações, pregando a paz e a não-resistência. Em terras tucujus, em pleno Século 21, a mentalidade parece andar na Idade da Pedra Lascada. Os brados retumbantes estão nos corredores dos hospitais, cheios de pessoas sofrendo, sem remédios e assistência, nas pequenas empresas que não recebem pelos serviços que prestam ao Estado, nas entidades sindicais, onde reina a incerteza quanto ao cumprimento das promessas de reajustes salariais aos professores e outras categorias funcionais, para não ir longe, na indignação dos motoristas e motociclistas, obrigados a transitar na Rodovia JK, agora apelidada de rodovia do sabão. Por meu lado, fiz retumbante caminhada na Rodovia Duca Serra e dei também um grito paralelo; Basta de acidentes! Encaminhei a solução mais prática, para evitar as mortes naquela rodovia. Fui cercado por mais de dez viaturas e levado preso à delegacia mais próxima.  Hoje, pelo fato de valorizar e prezar a cidadania, dia 13, segunda-feira, estarei frente a um juiz no fórum de Macapá. Longe de mim, comparar-me a essas figuras históricas. Não sei qual será o meu destino, muito menos a minha sentença. Caso não seja determinado que eu tome cicuta e tiver pena alternativa, prefiro ser mandado para a praia do Arraiol (Bailique), para lancear camarão e peixes. Lá, existem arraias de meio em meio metro. Em dois dias, estarei morto. Mas, de uma verdade tenham certeza: jamais abrirei mão de minha cidadania e lutarei sempre para que todos também exerçam a sua.

Gilvam Borges é ex-senador da República e hoje, como se auto-intitula, “Líder do Governo Paralelo no Amapá”

Um comentário:

  1. Quer ser mártir... morrer de ferroada de arraia? Era pra ser um texto sério?

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