segunda-feira, 9 de julho de 2012

Foto deixa "mais evidente" relação de Perillo e grupo de Cachoeira, diz senador

Ex-cunhado de bicheiro ofereceu jantar a governador de Goiás em 2011



Marina Marquez, do R7, em Brasília

A foto do jantar oferecido pela família Aprígio ao governador de Goiás Marconi Perillo (PSDB) em Anápolis (GO), em fevereiro de 2011, é mais uma evidência de que o tucano era mais próximo do grupo do bicheiro Carlinhos Cachoeira do que tem dito. Essa é a opinião do senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), integrante da CPI do Cachoeira, que investiga as relações do contraventor com políticos e empresas.
— Para mim não resta dúvida. Se tem alguém que inevitavelmente a CPI vai ter que indiciar é o governador. As relações dele com Cachoeira não são só próximas e íntimas, mas é patente que o bicheiro tinha poder com ele [Marconi Perillo].
Na última sexta-feira (6), o ex-cunhado do bicheiro, Adriano Aprígio, foi preso em Anápolis suspeito de ameaçar a procuradora da República Léa Batista, responsável pela denúncia do grupo do bicheiro. A procuradora recebeu três emails com ameaças e ofensas e um dos emails saiu do computador de Adriano. Ele é apontado pela PF (Polícia Federal) como o principal testa-de-ferro na organização de Cachoeira, tendo oferecido seu nome para ocultar o real patrimônio ilícito do contraventor. Ele é um dos indiciados na operação Monte Carlo, por formação de quadrilha e ocultação de bens, direitos e valores.
Em fevereiro de 2011, Adriano e a família ofereceram um jantar a um "seleto grupo de amigos", como mostrou o R7 em reportagem na última sexta. Perillo foi convidado e esteve na residência dos familiares da ex-mulher de Cachoeira, Andrea Aprígio. Foi fotografado com os donos da casa, com Andrea e outros convidados.

Para o senador Randolfe, a situação de Perillo se agrava ainda mais.

— Todos que estão sendo chamados estão contradizendo o governador. Basta ver o que foi dito e está sendo "desdito". Essa foto é mais uma evidência das relações próximas, íntimas e quase cúmplices que ele tinha com os membros da organização.
O deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) classificou como "desagradável" a notícia de que Perillo teria sido convidado para jantar como amigo do homem que foi preso por ameaçar a procuradora. Na opinião do deputado, é hora de conhecer os documentos apreendidos na casa do bicheiro e de Adriano para poder ouvi-los na CPI.
— É desagradável saber que o governante tem esse tipo de relações com o grupo [de Cachoeira]. Agora é importante a PF liberar o conteúdo para termos elementos de pergunta e tentar adiantar o depoimento do Aprígio.
Adriano Aprígio já foi convocado para depor na CPI do Cachoeira no Congresso Nacional. No entanto, como os trabalhos serão suspensos durante o recesso parlamentar, ele só deve ser ouvido pelos parlamentares em agosto.

Relação com Cachoeira

Adriano é irmão de Andrea Aprígio, primeira mulher de Cachoeira. Com ela, ele é sócio da empresa farmacêutica Vitapan, com sede em Anápolis. A PF suspeita que a empresa seja do bicheiro e que tanto a ex-mulher quanto o ex-cunhado sejam laranjas no negócio. Os dois são os únicos sócios. Andrea tem 95% das cotas da empresa, enquanto o irmão, Adriano, tem 5%. Em dados oficiais sobre a empresa, o ex-cunhado de Cachoeira aparece como o principal responsável, administrador e presidente do capital da Vitapan. Adriano mora em Anápolis, cidade onde a empresa tem sede. Ele foi preso em sua casa na cidade, onde a PF também apreendeu materiais para análise.

Ameaças

A suspeita da PF é que ele tenha enviado um dos dois emails que a procuradora recebeu com ameaças. O primeiro email chegou no dia 13 de junho. No texto, uma pessoa não identificada pergunta por que a procuradora "foi tão dura demais" com os envolvidos no esquema de Carlinhos Cachoeira. Afirma que por pouco ela não destruiu a família dele e acabou com seu trabalho lícito. Depois, diz: "Não sou burro, sei que serei identificado, mas vou provar que sou inocente, que sou trabalhador e vítima ao ser equiparado aos demais (maioria) dos denunciados". O outro email, enviado no dia 23 de junho, usa palavrões e tenta intimidar a procuradora. "Ainda vamos te pegar. Cuidado, você e sua família correm perigo", escreveu o autor da mensagem.

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