'Se nascesse hoje, não entraria na política', diz Sarney ao completar 83 anos
Em entrevista, o senador também falou sobre os valores a que se dedicou em sua carreira e afirmou que "a política proporciona o pensar coletivamente, com a possibilidade de melhorar a sorte das pessoas da sua cidade, do seu município, do seu Estado, do seu país e da própria humanidade"
Em entrevista, o senador também falou sobre os valores a que se dedicou em sua carreira e afirmou que "a política proporciona o pensar coletivamente, com a possibilidade de melhorar a sorte das pessoas da sua cidade, do seu município, do seu Estado, do seu país e da própria humanidade"
Foto: Divulgação
José Sarney / "Só se faz política com espírito público, com devoção, com fé, como se fosse uma religião"
O ex-presidente da República e do Senado José Sarney (PMDB-AP) afirmou, em entrevista ao jornal "O Imparcial", do Maranhão, que não pretende se aposentar e garantiu que fará política o resto da vida. Na entrevista, o senador também falou sobre os valores a que se dedicou em sua carreira e afirmou que, se pudesse voltar no tempo, não entraria na política. "Se eu nascesse hoje, não entraria na política, mas não posso dizer aos meus filhos, que nasceram nesse tempo, que não o façam. A política nos proporciona o pensar coletivamente, com a possibilidade de melhorar a sorte das pessoas da sua cidade, do seu município, do seu Estado, do seu país e da própria humanidade. Só se faz política com espírito público, com devoção, com fé, como se fosse uma religião. Para isso, são necessários sacrifício, paciência e dedicação", afirmou. "Aos 80 anos, o futuro, como dizia Eliot, é o presente, e, dentro do presente, estão o futuro e o passado. Não penso em me aposentar nunca. Até o fim da minha vida, trabalharei todos os dias nas duas vertentes que constituí na minha vida: a política e a literatura", disse o senador, que completa 83 anos nesta quarta-feira (24).
Lênin
Sarney ainda destacou que não há política sem alianças e sem união das pessoas, e diz que sempre buscou apaziguar. "Ninguém faz política sem aliados, e eu sempre a compreendi como a arte de harmonizar conflitos numa sociedade plural, democrática e controversa. Nunca aceitei a definição de Lênin de que a política deve ser uma guerra e que os adversários devem ser considerados inimigos que devemos exterminar. Foi minha prática constante, ao longo de toda minha carreira, o exercício da arte do diálogo para compreender a posição e o pensamento dos outros. Dentro desse quadro, penso que a oposição é necessária e contribui para que cada um prove que a democracia é um estado de espírito", disse. O senador ainda afirmou que vai lançar, em breve, uma biografia. "Estou com meu livro de memórias concluído. Devo entregá-lo dentro de alguns meses aos editores. Espero que, até o fim do ano, esteja publicado. Ele sairá, ao mesmo tempo, em português e espanhol. Não abandonarei a poesia, a ficção e o jornalismo. Tenho verdadeira fascinação pelo jornal. Não sei como viveria se não escrevesse quase semanalmente. O jornal e o livro, para mim, são as maiores invenções da humanidade", disse. (UOL)
Nenhum comentário:
Postar um comentário