quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Amapá não cumpriu metas específicas da educação básica

Dados do Ideb 2011 revelam que o estado amapaense não conseguiu alcançar a meta da Região Norte de 4,6 pontos ficando com 4,1.

Enquanto o Brasil avança registrando pontuação acima da estimativa nas séries iniciais e finais do ensino fundamental, o Amapá é listado entre os sete estados onde a educação de 5ª a 8ª série não evoluiu nos últimos dois anos. Ao lado de Rondônia, Roraima, Pará, Sergipe, Espírito Santo e Rio Grande do Sul, o estado amapaense não conseguiu alcançar a meta da Região Norte de 4,6 pontos ficando com 4,1. Os dados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2011, foram divulgados ontem (14) pelo Ministério da Educação (MEC). No entanto, o desempenho dos estudantes no levantamento é preocupante no ensino médio, onde nove Estados apresentaram resultado inferior ao alcançado em 2009, ano do último levantamento. Um dos entraves para a baixa no ensino público amapaense é visualizado na onda de greves que se arrasta desde o ano passado, em função da falta de habilidade política do governador Camilo Capiberibe (PSB) que não conseguiu evitar que os professores saíssem da sala de aula, mesmo avisado ainda no segundo semestre de 2011, da paralisação das atividades se o Estado não cumprisse com acordos firmados com a categoria naquele ano.

Qualidade da educação

A avaliação foi criada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) em 2007, com dados contabilizados a partir de 2005, e leva em conta dois fatores que interferem na qualidade da educação: o rendimento escolar (aprovação, reprovação e abandono) e médias de desempenho nas avaliações da pasta (Prova Brasil e Saeb). Os exames avaliam o conhecimento dos alunos em língua portuguesa e matemática no final dos ciclos do ensino fundamental, de 4ª série (5º ano) e 8ª série (9º ano), e no terceiro ano do ensino médio. Nos anos iniciais, a média nacional no exame - que vai de zero a 10 - atingiu um índice igual a 5, superando a meta proposta pelo MEC que era de 4,6. Nesta etapa, todos os Estados cumpriram as suas metas específicas, que variam de acordo com cada região - Norte e Nordeste, por exemplo, têm metas inferiores aos Estados do Sul e Sudeste. Nos anos finais do ensino fundamental, a média nacional ficou em 4,1, superando a estimativa em 0,2 pontos. Já no ensino médio, o Brasil está praticamente estagnado desde 2009, quando cresceu apenas 0,1 ponto em relação a 2007. No Ideb de 2011, houve um crescimento novamente de 0,1 ponto, ficando em 3,7. Porém, apesar de a média ter sido atingida, o Ideb caiu em relação ao desempenho alcançado em 2009 nos Estados de Acre (passou de 3,5 em 2009 para 3,4 em 2011), Pará (de 3,1 para 2,8), Maranhão (de 3,2 para 3,1), Paraíba (de 3,4 para 3,3), Alagoas (de 3,1 para 2,9), Bahia (de 3,3 para 3,2), Espírito Santo (de 3,8 para 3,6), Paraná (de 4,2 para 4) e Rio Grande do Sul (de 3,9 para 3,7).

Entraves

De acordo com o especialista em educação Reynaldo Fernandes, ex-presidente do Inep e atualmente professor da Universidade de São Paulo (USP), os dados do Ideb ao longo dos anos mostram a dificuldade de se avançar no ensino médio. "Esperávamos que o bom desempenho na quinta série tivesse um efeito positivo quando essa geração chegasse ao ensino médio. Mas isso não vem se efetivando. A prova disso é que o mesmo desempenho, de 0,4 pontos que temos observado desde 2005 nas séries iniciais não é acompanhado nas séries finais, quando o avanço cai para 0,2 pontos", diz Fernandes, que presidiu o Inep quando foi criado o indicador, em 2007. Segundo ele, o ensino médio enfrenta diversos desafios, como elevados índices de abandono e um fluxo de alunos que antes abandonavam os estudos já nas séries iniciais. "É importante levarmos em conta que, apesar do avanço não ser grande no ensino médio, hoje temos um fluxo maior de pessoas que chegam a esse nível de educação, que antes abandonavam o estudo antes. Isso já é um fator positivo", analisa.

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