Parlamentares da oposição protocolam requerimentos no colegiado para convocar o candidato do PRB à prefeitura de São Paulo
Correio Braziliense/Gabriel Mascarenhas
As lideranças do PPS na Câmara e do PSol no Senado apresentaram ontem à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira — que investiga as relações do contraventor Carlos Augusto Ramos com políticos e representantes de empresas privadas — requerimentos de convocação para que o candidato do PRB à prefeitura de São Paulo, Celso Russomanno, preste depoimento ao colegiado. Paralelamente, também ontem, Russomanno se colocou à disposição dos parlamentares. De acordo com um relatório da Polícia Federal, o nome do postulante ao Executivo da maior cidade do país é citado em um diálogo entre integrantes da quadrilha comandada por Cachoeira, gravado com autorização da Justiça em fevereiro passado. Na conversa, conforme o Correio revelou ontem, Alex Antonio Trindade, apontado como responsável pelas remessas de dinheiro da organização criminosa para o exterior, afirma a um interlocutor, identificado apenas como Fábio, que ele tinha um contrato assinado por Russomanno, e que o candidato do PRB possuía R$ 7 milhões em uma conta numa instituição financeira no México. Russomanno diz não conhecer nenhum dos nomes citados na investigação. Nega ter conta fora do Brasil e afirma que jamais fez transações internacionais com doleiros. Relator da CPI, o deputado Odair Cunha (PT-SP) se reuniu com assessores ontem para tentar identificar se há indícios suficientes para levar Russomanno ao Congresso. “Estamos buscando encontrar a evasão de divisas, a lavagem de dinheiro cometida pela quadrilha. E é nesse cenário que surge o nome do senhor Celso Russomanno. Estamos requisitando à Polícia Federal mais informações sobre o envolvimento dele para decidirmos sobra a convocação. Precisamos ter cautela para dizer se ele participou de alguma operação de dólar-cabo, mas vamos investigar”, sinalizou o relator. Russomanno telefonou, no início da tarde, para o presidente da comissão, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), e negou as informações contidas no relatório da PF. Mais tarde, enviou ofício ao colegiado, no qual afirma estar à disposição dos parlamentares e que já determinou a quebra de seus sigilos fiscal, bancário e telefônico. Vital do Rêgo, por meio de sua assessoria de imprensa, informou que colocará em votação os requerimentos de convocação no próximo dia 14, data da primeira sessão do colegiado após o recesso parlamentar.
Esclarecimentos
Autor de um dos pedidos de convocação, o líder do PPS na Câmara, deputado Rubens Bueno (PR), diz que a citação do nome de Russomanno por aliados de Cachoeira já é suficiente para o candidato paulistano prestar esclarecimentos: “O relatório da PF demonstra algum envolvimento. E é grave, estamos falando de R$ 7 milhões numa conta no exterior. Ninguém melhor do que ele para dar as explicações. Queremos que ele venha”, defendeu. O senador Randolfe Rodigues (AP), líder do PSol, outro defensor da presença de Russomanno na CPI, argumenta que a atitude do ex-deputado federal de abrir mãos dos sigilos, embora importante, é inevitável. “O que a investigação mostra são fortes indícios de que esse agente político tem relações com a quadrilha do inimigo número 1 da coisa pública hoje no Brasil: Carlinhos Cachoeira. O depoimento de Russomanno é muito viável, politicamente, uma vez que não encontrará resistências do PT nem do PSDB, ambos com candidatos à prefeitura de São Paulo”, analisou Randolfe.
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