O programa radiofônico Luiz Melo Entrevista reúne para uma série de entrevistas os candidatos a prefeito de Macapá. Na última sexta-feira, 3, o primeiro a encarar a sabatina de jornalistas, especialistas e pessoas do povo foi o amapaense Evandro Milhomen (PCdoB), que é deputado federal e que concorre pela coligação “A Macapá que queremos”, formada pela aliança entre o PCdoB e o PRB. Ele falou por cerca de uma hora a respeito dos mais variados temas da gestão da Prefeitura de Macapá. O jornal Diário do Amapá publica a seguir um resumo sobre o que ele falou de modo a auxiliar o eleitor da capital a conhecer um pouco mais sobre o que pensa cada um dos candidatos sobre os principais problemas do município.
Cleber Barbosa/Diário do Amapá
Diário do Amapá - O senhor também é muito conhecido como amigo da cultura, por quê?
Evandro Milhomen - Essa denominação foi dada pelos próprios produtores culturais e os artistas, aqueles que labutam diariamente em nome da cultura do Amapá, pelos investimentos que nós trouxemos para a cultura do Amapá como deputado federal. Nós fomos sempre dedicados a essa relação com o movimento cultural. Temos um irmão que é músico, o Val Milhomem, que é do Grupo Senzalas, amigos, enfim, então essa relação com a cultura sempre foi muito fortalecida então temos muitos projetos importantes para que sempre mantenhamos aquecia a cultura amapaense, não só na manifestação, mas na geração de emprego e renda.
Diário - O senhor também é conhecido como amigo do esporte, aliás, já foi também jogador de futebol, não é mesmo?
Milhomen - É, bati uma bolinha no Ypiranga. Mas essa questão do esporte também vem trazendo uma aproximação ,não só por isso, mas por entender que o esporte é um grande caminho para que tenhamos uma sociedade melhor, pois a juventude envolvida no esporte gasta energias positivamente. Você tem a possibilidade de construir e criar atletas de alto rendimento e fazer com que o Amapá, que tem características fortes em todas as modalidades possa fazer grandes atletas nacionais, como já tivemos no passado.
Diário - O senhor também já trabalhou por projetos de promoção da igualdade racial. Como anda o Brasil nesse quesito?
Milhomen - Nós tivemos em 2006 um grande embate nacional com relação à aprovação do Estatuto da Igualdade Racial. Esse país é um país miscigenado e tem a base de construção histórica, cultural e até econômica o negro que veio da África, juntamente com a população indígena e européia. A afro descendência no Brasil sempre foi tratada com descaso e com falta de políticas públicas que para que pudéssemos fazer a inclusão dessa população na sociedade brasileira. Hoje nós temos informações e dados estatísticos que demonstram claramente que a população negra é a que mais está na penitenciária, é a que menos tem formação, é a que menos ganha, é a que está na marginalidade social, é aquela que tem menos moradia. Essa política de desenvolvimento da população afrodescentende em nosso país passa a ser prioritária a partir do governo Lula e a partir desse Estatuto e desse grande debate nacional.
Diário - Qual seu planejamento para melhorar a atenção básica da saúde da população de Macapá?
Milhomen - A própria exigência constitucional diz que o governo federal, o governo estadual e os municípios devem trabalhar conjuntamente, é a tal tripartite. Para isso os recursos devem ser destinados do orçamento do município, do estado e a União. Nós sabemos que o município tem essa responsabilidade com a saúde básica, baixa e média complexidade, mas para isso nós precisamos trabalhar aliados, distribuindo tarefas e alocando os recursos para que nós tenhamos atendida a população mais carente que sãotamente aqueles que moram na periferia do município de Macapá e no interior.
Diário - Os municípios sempre parecem mais penalizados nessa questão da saúde, como resolver a questão da divisão orçamentária entre União, Estados e municípios?
Milhomen - Nós tentamos agora com a Emenda 29 que foi aprovada pelo Congresso Nacional aumentar o volume de recursos destinados à saúde. Infelizmente nós temos limitação de interesses no Congresso Nacional e o próprio governo federal com os recursos que tem à disposição para destinar a essas políticas públicas que são nacionais. Creio eu que uma das questões importantes para que nós possamos diminuir claramente essa dificuldade e pela experiência de deputado federal que circula em Brasília, que conhece aquele caminho dos recursos federais é que nós possamos escrever cada vez mais o município nos programas que estão à disposição no governo federal através do Ministério da Saúde.
Diário - O senhor acha que a Constituição definiu isso muito bem, pois os prefeitos vivem de pires na mão em Brasília, reféns do governo federal nessa romaria por recursos da União?
Milhomen - Nós temos no Brasil uma centralização dos recursos públicos, ou seja, a centralização da arrecadação nacional. Pela proposta federativa que nós temos de distribuir os recursos com estados e municípios e você sabe que vivemos em um país onde a força política de outros estados e ou-tros municípios que impera na força econômica acaba fazendo com que estados e municípios menos fortalecidos no Congresso Nacional e na Federação acabem não acessando os recursos necessários, então há sim uma injustiça muito grande nessa questão da distribuição dos recursos.
Diário - O que a experiência de ter sido vereador e estar em seu quarto mandato de deputado federal, sendo inclusive o atual coordenador da Bancada, pode ajudar o candidato em relação à administração do município de Macapá?
Milhomen - Nesses anos todos de deputado federal, trazendo recursos para o município de Macapá, eu nunca fui convidado para inaugurar uma única obra aqui. Não é deste governo ou de outro, é desde o meu primeiro mandato de deputado federal que eu coloco recursos no município de Macapá, mas infelizmente ainda existe uma incapacidade de execução desses recursos. Ainda precisa ajustar melhor a gestão do município para que possamos ter esse recurso executado com prioridade para o cidadão. O fato de eu estar no meu quarto mandato facilita claramente o conhecimento desse trânsito e desse trâmite dos projetos em Brasília e saber quais as dificuldades que passam aqueles que devem executar a política pública através dos recursos federais.
Diário - O senhor pensa em implantar a ideia de criar um escritório de projetos em Brasília?
Milhomen - Não precisa. Nós já temos técnicos capacitados aqui em Macapá, o que precisa é oportunizá-los. Nós temos uma dificuldade enorme de entender que aqui no nosso Estado nós temos pessoas com formação expressiva para a construção de projetos. O que precisamos fazer é que essas pessoas tenham oportunidade de trabalhar e dar condições a elas para isso, de construir esses projetos. Nós temos é que formar uma equipe eficiente para ir lá em Brasília elaborar o projeto e acompanhar até a sua finalidade que é a liberação dos recursos e a execução da obra ou do serviço.
Diário - Apesar da oferta de esgoto praticamente insignificante, na cidade a verticalização é uma forma de conter o crescimento desordenado de Macapá?
Milhomen - O grande problema do crescimento desordenado que nós temos é a falta de planejamento e a organização territorial. Nós sabemos que Macapá tem 62 bairros, mas apenas 28 são registrados, cadastrados. Isso é resultado dessa falta de planejamento e da falta do ordenamento urbano. As pessoas foram chegando, se acomodando, uma característica inclusive das sociedades antigas na formação das cidades. Assim aconteceu em Macapá onde os locais de moradia foram surgindo e o Estado não impôs limite, regulamentação e política pública de organização urbana. Está aí o resultado, bairros que estão de fato e não de direito. A verticalização é uma saída também importante para esse processo de crescimento desordenado, porque o custo da cidade aumenta quando você cria moradia no sistema tradicional, horizontalizado. Você aumenta o custo da água, da energia, a pavimentação, tudo é muito maior. A verticalização diminui, agora nós precisamos entender que temos verticalização para as classes sociais do estado e do município, seja para quem quer comprar um apartamento ou para quem quer construir um prédio comercial, mas também para os moradores de baixa renda e é essa que nós devemos trabalhar em parceria com o governo federal.
Diário - Essa Macapá que é tão sonhada pelos poetas e cantores é só um sonho ou a gente um dia chega lá?
Milhomen - O sonho que se sonha só é apenas um sonho, mas o sonho que se sonha juntos pode virar realidade. Eu quero sonhar esse sonho com todos aqueles que acreditam que Macapá pode se tornar essa Cinderela, esta bela cidade no meio da Amazônia. Eu tenho certeza que a cidade de Macapá, se tivesse a continuidade do planejamento urbano que teve na época do governador Janary Nunes, nós com certeza não estaríamos debatendo tantos problemas, hoje.
Perfil
O candidato Evandro Costa Milhomen nasceu em Macapá no dia 21 de abril de 1962; é sociólogo, casado, pai de dois filhos. Cresceu no Largo dos Inocentes, na comunidade do Formigueiro, tradicional reduto dos moradores pioneiros da velha Macapá. Foi vereador e depois deputado federal, onde inclusive se encontra no quarto mandato na Câmara Federal. É o atual coordenador da Bancada do Amapá e também candidato a prefeito de Macapá.
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