quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Senadores apóiam reabertura de negociação do governo com docentes em greve


Em uma reunião com mais de 80 docentes, representando todos os estados brasileiros, os senadores Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), Eduardo Suplicy (PT-SP) e Cristovam Buarque (PDT-DF) se comprometeram a cobrar do governo federal a reabertura de negociações com os docentes federais em greve. A paralisação completa três meses nesta sexta (17). O encontro aconteceu nesta quarta-feira (15) no anexo 2 do Senado Federal, por solicitação do Comando Nacional de Greve do ANDES-SN e contou também com a participação do CNG do Sinasefe. Em sua fala na abertura da reunião, Marinalva Oliveira, presidente do ANDES-SN, fez um resgate do histórico de reuniões com o governo e dos fatores que levaram à greve no setor da Educação. Em agosto de 2011, as entidades firmaram um acordo emergencial com o governo, que previa a restruturação da carreira até março deste ano
. No entanto, os trabalhos não avançaram. Ao contrário, nas mesas com os representantes dos ministérios do Planejamento e da Educação, o que se viu foi a intransigência em negociar pauta dos professores. “Diante dessa postura e da crescente insatisfação a categoria com o projeto de educação que vem sendo imposto às Instituições Federais de Ensino pelo governo federal, com o aumento no número de vagas sem a contrapartida de investimento na contratação de pessoal e melhoria de infraestrutura, os docentes deflagram a maior greve da Educação Federal dos últimos tempos”, explicou Marinalva. A presidente ressaltou que a greve segue forte e que os professores mantém a disposição de negociar, desde que o governo se disponha a dialogar com as reivindicações da categoria.

Segundo ela, as atitudes antissindicais do governo em assinar acordo com uma entidade que não representa a categoria e suspender as negociações de forma unilateral serviram para aumentar ainda mais a indignação dos professores.Wanderlan Santos Porto, do Comando de Greve do Sinasefe, denunciou a tentativa do governo em dividir as categorias e quebrar a unidade da greve no setor da Educação, condicionando a negociação dos técnicos administrativos ao término da com os professores. Porto reforçou ainda que o tamanho e força da greve é proporcional ao descaso do governo com a Educação. “É a Educação Federal que está clamando por investimentos que façam que o discurso a qualidade se efetive. Entendemos que a carreira atual dos professores não atende a um projeto de educação de qualidade”, constatou. O representante do Sinasefe apontou ainda que, em médio prazo, a Educação Federal corre o risco de perder bons quadros para a iniciativa privada ou outras carreiras, porque a nossa é pouco ou nada atrativa. “Os alunos de hoje já não vêem mais com bons olhos a carreira docente, e poucos aspiram segui-la. Precisamos resolver essa situação para que a qualidade seja uma prática e uma marca das IFE”, disse.

Atentado à Constituição

Zé Maria de Almeida, coordenador da CSP-Conlutas, ressaltou que o governo criou para si um problema ao firmar um acordo com uma entidade que não representa a categoria docente. O dirigente classificou a atitude como “um crime à organização sindical”. “O governo não pode esperar que os trabalhadores engulam um acordo que foi assinado com uma entidade que não os representa. Se existe um impasse, essa não é a forma de resolvê-lo. Isso é grave não só pelo prejuízo que gera aos docentes e aos estudantes com a continuidade da greve, mas também pelo precedente que abre. O governo vai impor agora qual sindicato deve representar os trabalhadores?”, questionou. Zé Maria lembrou que as reivindicações dos docentes são legítimas e justas e que os argumentos do governo para não negociar a pauta apresentada não se sustentam.

Pressão dos parlamentares

Após a leitura da carta encaminhada pelo ANDES-SN aos ministérios da Educação e do Planejamento pedindo a reabertura de negociação, feita por Suplicy, os três senadores se comprometeram a encaminhar ainda nesta quarta (15), um email solicitando aos ministros Aloizio Mercadante e Miriam Belchior a reabertura de negociação com o ANDES-SN e com o Sinasefe. Durante a reunião, o Senador Suplicy tentou contato telefônico com os dois representantes do Executivo, mas não conseguiu ser atendido, pois ambos estavam em outros compromissos. Os parlamentares irão ainda articular o apoio de outros senadores e também solicitar uma reunião tanto com o MEC quanto com o Planejamento, para cobrar uma solução para o impasse. “É importante continuarmos o esforço de diálogo e também buscar encaminhamentos o mais rápido possível”, registrou Suplicy. Cristovam Buarque ressaltou que a atitude dos senadores não era apenas em solidariedade aos trabalhadores, mas também em preocupação aos prejuízos que a atual situação traz para o Brasil. “Um país que tem uma greve dessa dimensão na Educação não sabe que já está no século 21”, apontou, criticando o descaso com o qual o governo vem tratando a Educação Pública. Randolfe Rodrigues registrou a necessidade de ampliar o apoio entre os parlamentares, para criar uma comissão para pressionar o governo. “Vamos buscar de imediato apelar aos ministros que nos recebam e reabram as negociações com as entidades que representam os docentes federais. Estamos dispostos para sermos recebidos a qualquer hora. Tenho certeza que outros colegas se somarão”, conclui. Os senadores se comprometeram em encaminhar uma resposta ao ANDES-SN e ao Sinasefe tão logo obtivessem retorno dos ministros. Uma nova reunião deve acontecer na próxima semana, com a presença de deputados federais, para ampliar a comissão e o apoio parlamentar aos professores em greve.

Fonte: ANDES-SN

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