Grupo guarani caiová não acata ordem judicial de despejo em MS, informa
Pablo Pereira.
Decisão
judicial determinando que grupo de 170 índios deixe área de 2 hectares na divisa da
Reserva Sassoró com a Fazenda Cambará, em Mato Grosso do Sul, gerou clima de
tensão na região
Eles são cerca de 170 índios guarani caiová, estão em uma área de 2 hectares de mata
ilhada entre um charco e o leito do Rio Hovy, na divisa da Reserva Sassoró com
a Fazenda Cambará, propriedade de 700 hectares no município de Iguatemi, no sul
de Mato Grosso do Sul. A presença desse grupo de índios na área de mata ocupada
por eles há um ano e chamada de Pyelito Kue/Mbarakay - que quer dizer terra dos
ancestrais - foi decretada ilegal pela Justiça Federal há um mês e os indígenas
condenados a deixar o local. Mas eles se negam a sair e prometem resistir à
ordem judicial de despejo. "Esta terra não é dos brancos. É nossa, de
nossos ancestrais. Vamos ficar aqui até morrer", afirma Líder Lopes, um
dos chefes do grupo. Na calorenta tarde de sábado, com o rosto pintado, ao lado
de outros guerreiros da tribo, Lopes afirmou ao Estado que o grupo sofre
perseguição de fazendeiros no local e que sabe que a decisão da Justiça manda
que deixem o local. "Mas nós não vamos sair daqui. Se vierem nos tirar vão
ter de nos matar." Na aldeia escondida entre árvores de uma reserva
ambiental da fazenda havia somente uma dezena de pessoas, entre adultos e
crianças. Lopes alega que a luta dos caiovás é para garantir a posse da área
que eles afirmam ser o local nos qual seus ancestrais viveram ainda antes de as
fazendas se formarem nesta região do sul de MS, quase divisa com o Paraguai. A
decisão judicial, beneficiando o fazendeiro Osmar Luís Bonamigo, representado
pelo advogado Armando Albuquerque, no entanto, aponta em outra direção ao não
reconhecer a posse das terras pelos caiovás. Diante da tensão entre as partes,
a Fundação Nacional do Índio (Funai), por meio do Ministério Público Federal,
recorreu da decisão de primeira instância, em Naviraí. O MPF pede que os
indígenas possam permanecer no local até que seja finalizado um estudo
antropológico da Funai. O clima na região ficou ainda mais tenso com a chegada
de técnicos da fundação, escoltados pela Polícia Federal. Um grupo de
fazendeiros, liderados pelo Sindicato Rural de Tacuru, registrou Boletim de
Ocorrência na delegacia da cidade reclamando da ação da Funai. Pelo menos cinco
fazendas já foram visitadas pelos técnicos: Ipacaraí, Esperança, Pindorama,
Estância Modelo e Alto Alegre. Um integrante da operação da Funai disse que a
situação entre índios e proprietários de terras pode se agravar pois os
guaranis de toda a região estão decididos reivindicar áreas de ancestrais, como
ocorre em Pyelito Kue. Segundo dados do governo federal, MS tem cerca de 40 mil
índios da etnia guarani. A área ocupada por eles em reservas e terras indígenas
é de 30 mil hectares. Nos 2
hectares próximos a Cambará, os índios repetem o
discurso da resistência na pequena área de mata na qual construíram suas casas
cobertas com palha e lona preta. O acampamento indígena se assemelha às
clareiras vistas em acampamentos dos sem-terra. (...)
Leia a matéria completa, clicando aqui.
Leia a carta enviada pela
comunidade Guarani-Kaiowá ao Governo e Justiça do Brasil aqui
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