110 anos de Drummond
Quando visitei o Rio de Janeiro pela primeira vez,
em 1950, fui levado por Josué Montello ao Ministério da Educação para conhecer
Carlos Drummond de Andrade. Ele trabalhava no prédiO. Recebeu-me numa sala de
absoluta simplicidade. Evidentemente, como todos podem imaginar, eu não sabia
nem o que devia dizer: Drummond era um símbolo e era um mito. Um mago, mágico
das palavras. Tudo que escrevia tinha alguma coisa como obra de Deus. Tive o
privilégio de me tornar seu amigo, daquela figura gauche e frágil — sua palavra
era de tom baixo —, de uma conversa em que não se tinha vontade ou desejo de
mostrar-se brilhante. Ele não tinha o gosto de brilhar pela conversa, mas a sua
conversa se desdobrava na beleza. Desse modo, ele parecia estar sempre
escrevendo, quando falava com aquelas palavras comedidas que só ele, na sua
grandeza de poeta, unindo a personalidade do homem e do poeta, podia juntar. Essa
data é uma oportunidade para reverenciar o grande escritor. Não falo de
lembrar, pois sua memória está presente, todos os dias, na literatura
brasileira.
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