O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, disse ontem (30) que o número de inscritos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem)
2012 que se declararam pretos, pardos e
indígenas, e portanto, são contemplados pela política de cotas, não
surpreende por estar “bem próximo à sua presença relativa na população”. De
acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira (Inep), órgão do Ministério da Educação (MEC) responsável pelo exame,
dos mais de 5,7 milhões de participantes da edição deste ano, 2,4 milhões se
declararam pardos; 694 mil, pretos e 35 mil, indígenas. “[Essa parcela de
brasileiros] representa, em média, 52% da população, então a inscrição no Enem,
em que eles totalizam 54%, está muito próximo”, disse o ministro. Segundo ele,
um dado “que deveria surpreender” é que há dez anos apenas 4% dos negros, que
são 51% da população, tinham curso superior. Hoje o índice está chegando a 19%.
“Temos que continuar trabalhando para que eles [os negros] tenham nas
universidades o mesmo peso que têm na sociedade. O mesmo vale para os mais
pobres. Há dez anos só 0,5% dos 20% mais pobres estava estudando ou tinha curso
superior e hoje já aumentamos oito vezes, são 4,2%. Só que entre os 20% mais
ricos são 47% com diploma superior. Esta é a origem da verdadeira desigualdade
no Brasil: o acesso à educação”, disse, após participar da abertura de um
seminário sobre os desafios da educação no Brasil, no Centro de Gestão e
Estudos Estratégicos (CGEE), em Brasília. Mercadante lembrou que a Lei de Cotas, cuja
regulamentação foi publicada há duas semanas, é uma política para os próximos
dez anos, com o objetivo de estimular o acesso desse grupo de brasileiros às
melhores universidades do país. A nova lei obriga instituições federais de
ensino superior a destinar progressivamente uma parte das vagas para estudantes
que frequentaram todo o ensino médio em escolas públicas. O objetivo do governo
é atingir o índice de 50% das vagas em quatro anos. A distribuição por raças é
um dos recortes previstos na legislação. Os novos critérios terão de ser
incluídos nas regras de seleção para universidades públicas por meio do Enem. O
ministro da Educação também comentou o fato de a maioria dos participantes do
Enem 2012, que tem recorde de inscrições e participações confirmadas, ser
composta por mulheres. As brasileiras respondem por 59% das inscrições, com 3,4
milhões, enquanto os homens somam 2,3 milhões (41%). “Todos os dados mostram
que as mulheres estão estudando cada vez mais e ocupando cargos cada vez mais
importantes. Elas têm níveis de escolaridade maiores que os homens. Isso é
muito forte no Brasil e também uma tendência mundial”, destacou. Mercadante
voltou a tranquilizar os candidatos reafirmando a segurança das provas,
que segundo ele estão “muito bem guardadas”, e garantiu que “tudo está
ocorrendo dentro do planejado”. “Vamos percorrer mais de 400 mil quilômetros
para que todas as provas estejam no dia do exame nas escolas onde têm que
estar. Os alunos podem ficar tranquilos. Esperamos que não haja nenhum
incidente”, ressaltou, acrescentando que o Enem 2012 conta com a participação
de mais de 400 mil fiscais. O ministro da Educação também demonstrou otimismo
em relação aos novos critérios de avaliação das
redações. A nota será composta pelo desempenho em cinco competências
específicas, entre elas o conhecimento da norma culta padrão da língua escrita
e a compreensão da proposta de redação. Além disso, cada texto será avaliado
por dois professores de forma independente. Caso haja diferença superior a 80
pontos em qualquer competência ou maior que 200 pontos no total, a prova será
reavaliada por um terceiro corretor. Persistindo as discrepâncias, uma banca
avaliadora dará a nota final. A outra inovação é que os candidatos terão acesso
às correções em um prazo que será informado após o processo de avaliação. Mercadante
destacou que os alunos devem conhecer previamente o caminho que farão para
chegar aos locais das provas e ficar atentos ao horário de aplicação dos
exames. As provas do Enem serão realizadas em 1,6 mil municípios de todo o país
no próximo fim de semana (3 e 4 de novembro). Os portões de acesso serão
abertos às 12h e fechados às 13h. O MEC recomenda que todos os participantes
compareçam ao local de realização das provas até as 12h, de acordo com o
horário oficial de Brasília. O Enem é composto por quatro provas objetivas, com
45 questões cada, e uma redação. No sábado serão aplicadas as avaliações de
ciências humanas e suas tecnologias e ciências da natureza e suas tecnologias;
e no domingo, as de linguagens, códigos e suas tecnologias, redação e
matemática e suas tecnologias.
Fonte: Agência
Brasil
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