quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Prorrogação de CPI do Cachoeira por 48 dias pode ser lida hoje no Plenário, diz relator



A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista que investiga as relações criminosas de Carlinhos Cachoeira deve ser prorrogada por mais 48 dias. Com isso, os trabalhos vão até 22 de dezembro, quando termina a sessão legislativa de 2012. O número mínimo de assinaturas necessárias para a proposta já foi obtido pelos parlamentares da base governista, o pedido foi oficialmente apresentado à Mesa do Congresso Nacional e basta que seja lido em Plenário para que o prazo seja automaticamente estendido.
- O pedido já foi apresentado e creio que nesta quarta-feira mesmo pode ser lido pelo presidente Sarney no Plenário do Senado - afirmou o relator Odair Cunha (PT-MG).
A decisão provocou a revolta dos parlamentares que defendem 180 dias de prorrogação. Os senadores Randolfe Rodrigues(PSOL-AP) e Alvaro Dias (PSDB-PR) acreditam até que não conseguirão as assinaturas necessárias para a obtenção de um tempo mais dilatado.
Para Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), foi o “molho da pizza” servida pela comissão de inquérito. Alvaro Dias, por sua vez, lamentou a chance perdida pelo Congresso de recuperar a “credibilidade” da instituição.
- Os parlamentares se transformaram em verdadeiros pizzaiolos. Hoje foi decretado o sepultamento da CPI, com este enterro medíocre. Não temos mais esperança. O governo passou o rolo para valer, tem maioria esmagadora e a prorrogação de 48 dias significa o fim da CPI agora, pois não há tempo de receber mais informações nem disposição para mais quebras de sigilo. Isso confirma que o propósito desta CPI desde o início foi atacar o PSDB e não investigar este monumental escândalo de corrupção – afirmou o parlamentar tucano.
O senador Pedro Taques (PDT-MT) também não concordou com a prorrogação de 48 dias e afirmou que a comissão está “jogando o lixo para baixo do tapete”. O parlamentar é um dos que defendem novas quebras de sigilos bancários, fiscais e telefônicos de dezenas de empresas que teriam recebidos recursos públicos supostamente desviados pela empreiteira Delta.

Defesa

O deputado Odair Cunha rebateu as críticas. Para ele, haveria enterro da CPI se o relatório não fosse finalizado.
- Nós estamos fazendo uma investigação aprofundada no prazo que o Congresso Nacional nos deu, que foi de seis meses. Essa prorrogação de 48 dias é necessária para uma discussão transparente de todos os pontos do relatório – disse o relator.
Para o deputado, a CPI conseguiu desmontar uma organização criminosa infiltrada no aparelho estatal, corrompendo parlamentares e agentes do Executivo. Na opinião dele, outras linhas de investigação abertas pela comissão devem ser investigadas por outros órgãos.
- Um processo de investigação sempre leva a outro.  A operação Monte Carlo [responsável pela prisão de Cachoeira em 29 de fevereiro], por exemplo, levou a oito novas linhas investigatórias. Com certeza, nosso relatório vai produzir novas frentes, que poderão até mesmo resultar na criação de novas CPIs. Todas as movimentações suspeitas da Delta constarão no relatório – argumentou.

Bate-boca

A reunião desta quarta-feira (31) foi marcada por discussões entre os integrantes da comissão. Uma possível convocação do governador Sérgio Cabral (PMDB), do Rio de Janeiro, terminou em bate-boca entre dois deputados. Leonardo Picciani (PMDB-RJ) e Rubens Bueno (PPS-PR) discutiram rispidamente sobre a questão. Rubens Bueno  reclamou que a Delta foi blindada por tudo e por todos, assim como Sérgio Cabral.
- Estamos há 60 dias sem tomar nenhuma decisão ou atitude. O principal suspeito desta CPI é o Cabral. O que ele tem a esconder? – indagou.
Ao defender o chefe do Executivo fluminense, Leonardo Picciani chamou Bueno de leviano.
- Cabral não foi convocado porque o nome dele não foi citado sequer uma vez nas milhares de gravações. Relação com o dono da Delta era no plano pessoal e o governador jamais a escondeu.

Requerimento

A pedido do relator e com a concordância de 17 integrantes, os 533 requerimentos constantes em pauta não foram avaliados pela comissão, que volta a se reunir na próxima semana, com data a ser definida pelo presidente, Vital do Rêgo (PMDB-PB).

Agência Senado

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