Por Olimpio Guarany*
Era inevitável que um dia após a apuração dos votos
que deram a vitória a Clécio Luis (PSOL) viesse à baila a disputa
eleitoral que ocorrerá daqui a dois anos. Nem é de se estranhar, afinal essas
eleições municipais serviram, digamos, de preliminar para o jogo eleitoral de
2014. O cenário não será tão diferente daquele que foi pintado antes do pleito
municipal. Lá atrás já tratamos disso e o desenho se mantém. O que alterou foi
a correlação de forças. Diziamos que, dependendo do resultado, os pesos dos
grupos politicos envolvidos na disputa se alterariam. É certo que o bloco que
gravitou em torno da campanha de Clécio saiu fortalecido. Aliás, os partidos
que estiveram com Clécio no segundo turno são os mesmos que concorreram para a
vitória de Robson Rocha (PTB), em Santana, o segundo maior municipio do estado,
exceto o PCdoB. Dai pode-se concluir que, detendo o controle das duas maiores
prefeituras do Estado, esse novo vetor terá caminho próprio em 2014. E não
poderia ser diferente. Esse grupo saiu robustecido por nomes fortes com
estatura para concorrer a cargos majoritários, tais como: Lucas Barreto,
Randolfe Rodrigues, Papaléo Paes, Davi Alcolumbre e Jorge Amanajás. De que
forma esse time vai concatenar as jogadas, isso vai depender de como vão se
entender a partir de agora, mas é certo que essa relação será decisiva para as
pretensões visando o jogo de 2014. De outro lado, o grupo de partidos que se
formou em torno da candidatura do atual prefeito Roberto Góes, deverá se manter
na raia, na tentativa de voltar ao poder. Não dá para desprezar o nicho
eleitoral captado por Roberto que teve quase a metade dos votos em Macapá. Sem
o controle da máquina municipal fica mais dificil, é verdade, mas é
suficiente para sustentar um projeto com vistas as majoritárias. Esse grupo tem
como expoentes o ex-governador Waldez Góes, o ex-senador Gilvam Borges, a
deputada Dalva Figueiredo e o próprio Roberto, prontos para a disputa. Na outra
ponta está o bloco PSB-PT que controla o poder estadual. Foi o que teve
maior prejuizo com a derrota de sua candidata a prefeitura de Macapá, ainda no
primeiro turno. O desastre eleitoral acabou sendo debitado na conta do
governador Camilo Capiberibe que acumulou mais desgaste com claro aumento no índice
de rejeição. Mas, máquina é máquina, e especialmente a do Governo do Estado,
que possui maior poder de fogo ou de caixa como queiram. Daqui até lá
temos menos de dois anos e isso vai exigir esforço dobrado de Camilo para se
recuperar, se quiser chegar com gás para disputa de 2014. A esperança está depositada
no programa habitacional, em andamento, indispensável para criar as condições
de disputa, sem perder de vista outras deficiências, especialmente na saúde. Há
um outro aspecto que precisa ser acompanhado por conta da movimentação do
governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB) que tem dado sinais de que
pretende entrar na disputa presidencial. Se isso ocorrer, o PSB poderá ficar
sozinho no Amapá,considerando que o PT tem seu projeto de reeleição de
Dilma. Portanto, se se mantiverem as condições de temperatura e pressão,
e nenhuma variável interveniente aparecer, o cenário de 2014 já está pronto.
* Olimpio Guarany é jornalista, economista,
publicitário, apresentador de TV e professor universitário
Nenhum comentário:
Postar um comentário