"Sempre estudei em escolas públicas até entrar
na PUC. Passei por escolas municipais em Taboão da Serra, onde moro, e depois
na Escola Técnica Guaracy Silveira, no ensino médio. É a primeira vez que estou
em uma instituição privada, com bolsa do ProUni. Sempre
achei justa a política de cotas. Acho que ela foi criada com a intenção de dar
uma indenização histórica e o motivo é nobre. A mensalidade em Economia é de R$
1,6 mil, seria muito fora da minha realidade. Apesar de receber a bolsa, ainda
tenho uma série de gastos mensais com livros, cópias, transporte e alimentação
que chega a R$ 400. Moro com meu avô aposentado e meu pai, que hoje trabalha
com instalação elétrica, faz de tudo um pouco. A coisa é bem apertada. Sou o
primeiro da minha família a chegar ao ensino superior. Eu instaurei na família
a bandeira de pessoas que entraram na universidade. A PUC é muito boa, mas são
poucos negros. Ainda mais de manhã, período em que estudo. Tem três negros na
minha sala: eu, outro bolsista do ProUni e um garoto que trabalha na PUC, por
isso também tem bolsa. Falam em inclusão, mas eu não vejo essa mudança. Um,
dois, isso não é inclusão."
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