quinta-feira, 11 de abril de 2013

Comissão visitará rodovia que passa por reserva indígena e é fechada durante a noite


Integrantes da Comissão de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e da Amazônia querem verificar de perto a situação da BR-174. A rodovia atravessa as terras dos índios waimiri-atroari, entre os estados do Amazonas e de Roraima, e é fechada, todas as noites, das 18 horas às 6 da manhã. A data da viagem está prevista para 6 de maio. No caso do transporte de carga perecível, a passagem é permitida até as 22 horas. O objetivo dos parlamentares é buscar soluções para evitar o fechamento da estrada. Autor do requerimento para a realização da visita, o deputado Raul Lima (PSD-RR) diz que tem conhecimento de que o fechamento da BR-174 teria sido determinado, ainda na década de 70, em virtude dos conflitos ocorridos entre os indígenas e os não índios durante sua construção. O controle da entrada era feito pelo Exército. A justificativa para o fechamento era evitar conflitos armados e atropelamentos de índios e animais dentro da reserva. Em 1999, com o asfaltamento da rodovia, a fiscalização passou aos índios. Segundo o deputado, depois de todos esses anos, as populações dos estados de Roraima e do Amazonas, servidas pela rodovia, passaram a reivindicar a abertura do trânsito no período noturno. "Nós procuramos um consenso com os indígenas, para que isso seja negociado de alguma forma. O fechamento de uma estrada federal é tão absurdo que tem deputado federal, tem senador que não acredita que isso aconteça no Brasil. Nós vamos tirar a dúvida, vamos mostrar isso para a sociedade. Eu queria falar para vocês que estamos procurando as medidas legais para combater essa prática."
A rodovia

A BR-174, de acordo com o deputado, é a única ligação rodoviária entre o estado de Roraima e o restante do Brasil. A rodovia também é usada para o transporte das mercadorias da Zona Franca de Manaus que são exportadas para a Venezuela. Passando por Boa Vista pela BR-401 chega-se, após 210 quilômetros de estrada asfaltada, à fronteira com a Guiana. O ponto de estrangulamento na BR-174 ocorre nos 123 quilômetros divididos entre os estados do Amazonas e Roraima, na passagem pela Reserva Indígena Waimiri-Atroari. Em nome da preservação deste povo que sobrevive da caça, mas tem dentro da reserva escolas, postos de saúde e até internet via satélite, contudo a rodovia fica bloqueada todos os dias. No local, também não se pode parar fora da pista nem fotografar nesse trecho da reserva indígena. No requerimento para a visita, o deputado Raul Lima também pede a presença de representantes do Ministério da Justiça, do Ministério do Exército, do Comando Militar da Amazônia, da Polícia Rodoviária Federal e da Fundação Nacional do Índio (Funai).
Reportagem - Idhelene Macedo
Edição – Regina Céli Assumpção

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