quinta-feira, 21 de novembro de 2013

“O país precisa se comprometer com a população negra”


O deputado Evandro Milhomen (PCdoB) usou o plenário da Câmara Federal nesta quarta-feira (20), para fazer um manifesto contra a violência e o racismo no Brasil, cenário que foi exposto pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), de acordo com o estudo “ Vidas Perdidas e Racismo no Brasil”, que  revela estatística de mortes violentas de negros e não-negros por gênero, região do país e Unidade da Federação. Em seu discurso Milhomen disse que o Dia da Consciência Negra além de servir para a reflexão, serve para lembrar da contribuição que a sociedade negra deu ao país, não apenas na economia como na cultura. Segundo o Censo de 2010, o Brasil possui um registro de 97 milhões de negros, sendo a maioria no Brasil, o que segundo Milhomen torna-se evidente a necessidade de políticas públicas para um número tão expressivo. “São mais de 500 anos, e ainda temos uma população negra, na sua grande maioria, sem a atenção especial do poder público e da sociedade”. Milhomen citou o cenário econômico dos negros e afirmou que são claramente os mais prejudicados. “São os negros que estão cada vez mais prejudicados com a atividade econômica e social deste País”. E citou os reflexos desta realidade. “O número de mulheres negras é maior do que o número de mulheres não negras morando sozinhas com os filhos. A nossa população jovem de negros entre 15 e 29 anos são as principais vítimas dos homicídios no nosso País. Cerca de 10% entre as mortes anuais são de jovens negros”. Ele descreveu fatos discriminatórios vivenciados pelos negros que prejudicam sua vida . “As formas de discriminação e racismo, estão expostas na nossa sociedade. O preconceito se esconde em situações, como quando um jovem negro quando procura um emprego e lá se exige um currículo com a foto”. E criticou a ação do Estado como responsável pelas políticas públicas. “Temos visto governos e governos passarem pelo nosso País, mas, de fato, não se faz uma política pública direcionada à população negra que possa responsabilizar o resultado concreto e efetivo em benefício dela”. O deputado citou a triste realidade enfrentada hoje no Brasil pela população negra “A população negra é a maior população desempregada do País; os jovens negros são a maior fatia fora das escolas e das universidades; as mulheres negras são as que menos ganham — ganham salário muito menor do que as mulheres não negras —; o negro participa pouco ativamente da economia direta. E encerrou alertando contra os índices que revelam a violência praticada por racismo.” Não podemos mais aceitar os nossos filhos negros morrendo assassinados. Não podemos mais aceitar, que a população negra viva na periferia, distante das políticas públicas e dos instrumentos públicos de ação positiva. Faço aqui o meu repúdio por tudo o que não foi feito.”

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