O deputado Evandro Milhomen (PCdoB) usou o plenário
da Câmara Federal nesta quarta-feira (20), para fazer um manifesto contra a
violência e o racismo no Brasil, cenário que foi exposto pelo Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), de acordo com o estudo “ Vidas
Perdidas e Racismo no Brasil”, que revela estatística de mortes violentas
de negros e não-negros por gênero, região do país e Unidade da Federação. Em
seu discurso Milhomen disse que o Dia da Consciência Negra além de servir para
a reflexão, serve para lembrar da contribuição que a sociedade negra deu ao
país, não apenas na economia como na cultura. Segundo o Censo de 2010, o Brasil
possui um registro de 97 milhões de negros, sendo a maioria no Brasil, o que
segundo Milhomen torna-se evidente a necessidade de políticas públicas para um
número tão expressivo. “São mais de 500 anos, e ainda temos uma população
negra, na sua grande maioria, sem a atenção especial do poder público e da
sociedade”. Milhomen citou o cenário econômico dos negros e afirmou que são
claramente os mais prejudicados. “São os negros que estão cada vez mais
prejudicados com a atividade econômica e social deste País”. E citou os
reflexos desta realidade. “O número de mulheres negras é maior do que o número
de mulheres não negras morando sozinhas com os filhos. A nossa população jovem
de negros entre 15 e 29 anos são as principais vítimas dos homicídios no nosso
País. Cerca de 10% entre as mortes anuais são de jovens negros”. Ele descreveu
fatos discriminatórios vivenciados pelos negros que prejudicam sua vida . “As
formas de discriminação e racismo, estão expostas na nossa sociedade. O
preconceito se esconde em situações, como quando um jovem negro quando procura
um emprego e lá se exige um currículo com a foto”. E criticou a ação do Estado
como responsável pelas políticas públicas. “Temos visto governos e governos
passarem pelo nosso País, mas, de fato, não se faz uma política pública
direcionada à população negra que possa responsabilizar o resultado concreto e
efetivo em benefício dela”. O deputado citou a triste realidade enfrentada hoje
no Brasil pela população negra “A população negra é a maior população
desempregada do País; os jovens negros são a maior fatia fora das escolas e das
universidades; as mulheres negras são as que menos ganham — ganham salário
muito menor do que as mulheres não negras —; o negro participa pouco ativamente
da economia direta. E encerrou alertando contra os índices que revelam a
violência praticada por racismo.” Não podemos mais aceitar os nossos
filhos negros morrendo assassinados. Não podemos mais aceitar, que a população
negra viva na periferia, distante das políticas públicas e dos instrumentos
públicos de ação positiva. Faço aqui o meu repúdio por tudo o que não foi
feito.”
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