O presidente José Sarney defendeu hoje em Plenário, falando como senador da tribuna, a DRU (Desvinculação das Receitas da União) como instrumento de estabilização da economia brasileira e "vacina" contra o contágio das crises financeiras internacionais. O instrumento, prosseguiu, foi utilizado pelos ex-presidentes da República, Fernando Henrique Cardoso e Luís Inácio da Silva, e não pode ser retirado das mãos da presidente Dilma, sob pena de comprometer a sua política de equilíbrio das finanças públicas: "Seria uma indicação, ao mundo inteiro, de que o Brasil está começando a afrouxar os controles fiscais rígidos que têm sido seguidos." Essa mesma tese foi defendida por ele, em artigo, publicado hoje pela Folha de S. Paulo. Recorrendo a um histórico das crises financeiras internacionais, Sarney distinguiu que a atual - "dizem os otimistas que vai durar 10 anos e os pessimistas que vai durar 20" – é completamente diferente da de 2008, ou ainda a de 1929. De lá para cá, em sua análise, o neoliberalismo instituiu a doutrina do mercado absoluto que "como Deus" resolveria tudo, mas o tempo demonstrou não ser essa a realidade. Acrescente-se a tal quadro, a comunicação em tempo real que " turbinou" os mercados, a ponto de o Estado não ter mais controle sobre eles. "E hoje eles querem se sobrepor à própria instituição do Estado." A atual crise, concluiu o senador, é da economia mundial, é dos mercados globalizados e é, sobretudo, dos fundamentos do capitalismo. E se a crise internacional do momento vitima sobretudo a Europa e abate inúmeros países, assim como a cabeça de seus dirigentes, a sua dimensão se mostra ainda mais grave, na avaliação de Sarney, quando liquida com uma das coisas mais importantes construídas pelas idéias políticas e econômicas em todo o mundo - o estado de bem-estar social: "Na Europa (...) estão liquidando com aposentadorias, liquidando com os direitos dos trabalhadores, exigindo cortes e mais cortes na economia, sobretudo em programas sociais". O Brasil, ponderou Sarney, apesar das bases sólidas de sua economia, não está imune a tal crise, de natureza tão singular. E é essa a visão que o Congresso precisa ter e assim "pensar nesse espaço comum que faz com que os homens públicos possam ter a compreensão dos problemas do Estado", defendeu. O senador Casildo Maldaner (PMDB-SC) cumprimentou Sarney, em aparte, destacando sua contribuição ao debate como alguém que já teve a experiência da Presidência da República. O senador Renan Calheiros (PMDB-AL), relator do projeto de prorrogação da DRU (PEC 114/2011), classificou o pronunciamento de "brilhante e oportuno", reduzindo a responsabilidade de quem está incubido de relatar a matéria, apontou.
Íntegra do discurso
Secretaria de Imprensa da Presidência do Senado
Íntegra do discurso
Secretaria de Imprensa da Presidência do Senado
Nenhum comentário:
Postar um comentário