terça-feira, 15 de julho de 2008

Seminário sugerido por Jurandil Juarez foi um sucesso

Supermercados querem mudanças na lei de cooperativas

Em seminário realizado na Câmara Dos Deputados, por sugestão do deputado Jurandil Juarez (PMDB-AP), o presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Sussumo Honda, pediu atenção dos parlamentares aos projetos que podem afetar o desenvolvimento do setor. Apesar de ter faturado em torno de R$ 136,3 bilhões em 2007, todo o setor apresenta um lucro líquido de apenas R$ 1,7 bilhão. Ao participar de seminário promovido pela Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio nesta quarta-feira, Honda afirmou que essa fragilidade do lucro, principalmente do comércio varejista, justifica a preocupação com leis que possam mudar a competitividade dos supermercados. "Nosso lucro é muito baixo, e qualquer mudança tem um impacto muito grande", alertou.Honda pediu mudanças na legislação de cooperativas, para que o modelo europeu de compras possa ser implantado no Brasil. "O Carrefour na Itália participa de uma cooperativa de compra e não vê vantagens em ser um comprador isolado, mas no Brasil isso seria impossível", disse. Apenas pessoas físicas podem participar de cooperativas atualmente, o que, segundo ele, não serve ao setor varejista, como supermercados, indústrias de móveis e farmácias.Os empresários presentes ao evento também elogiaram as leis aprovadas pelo Congresso que beneficiaram o setor, como a que criou o Supersimples (Lei Complementar 123/06) e a que criou uma rede para simplificação do registro de empresas (11.598/07).Essa rede de simplificação, chamada Redesim, foi aprovada em 2006 pela Câmara e permite parcerias entre agentes de fiscalização para concessão conjunta de registros, e até mesmo o registro pela internet. Segundo o secretário-adjunto do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Ivan Ramalho, o processo de desburocratização é prioridade no ministério, e a maioria das juntas comerciais já pode expedir o CNPJ para novas empresas em parceria com a Receita Federal. A média nacional para abertura de empresas no Brasil tem sido de 22 dias, mas organizações internacionais apontam demora de até 80 dias na cidade de São Paulo para a conclusão do processo. O secretário anunciou que o primeiro balcão único para abertura já está funcionando no Distrito Federal, e que o plano do governo federal é expandir a experiência para todos os estados.


Participação


O deputado Jurandil Juarez (PMDB-AP), autor do requerimento que propôs o seminário, pediu maior participação do setor da indústria e do comércio nas discussões da Câmara. Segundo ele, a idéia foi aproveitar as atividades comemorativas da Semana do Comércio em Brasília para aproximar as entidades do setor e os integrantes da comissão. Juarez lembrou que durante as discussões sobre o combate à pirataria, que influenciam diretamente o setor, a Câmara tem ouvido juízes, promotores e fiscais, que representam a repressão da informalidade, mas não contribuem com soluções. "Isso está correto, mas é preciso dar uma contribuição para gerar a formalização, e não apenas reprimir", disse.


Exportações


Já o vice-presidente da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Gil Siuffo, destacou o bom momento do setor nas exportações, que cresceram consideravelmente. Em cinco anos as exportações cresceram de R$ 50 bilhões para R$ 200 bilhões, o que fez com que o comércio brasileiro passasse de 0,5% para mais de 1% do comércio mundial, o que coloca o País entre os 30 maiores exportadores do mundo. "Nos limitávamos a negociar com poucos países poderosos, mas agora abrimos nossos portos para outras nações, e isso se deve muito aos nossos empresários do comércio", explicou. O chefe do Departamento Econômico da CNC, Carlos Thadeu Freitas Gomes, mostrou as características do setor terciário no Brasil, relacionado ao crescimento do consumo das famílias brasileiras. Segundo ele, o microcrédito à pessoa física tem pressão inflacionária, mas é importante para o comércio, e as duas preocupações devem ser equacionadas. "O comércio tem muita sensibilidade ao crédito e à renda, por isso o aumento da taxa de juros é prejudicial e nos preocupa", explicou. Taxas de juros básicas maiores, como têm sido pretendidas pela área econômica do governo, podem controlar a inflação, mas tornam o crédito muito caro, e podem inviabilizar as compras a prazo no setor varejista.


Reportagem - Marcello Larcher

Edição - Natalia Doederlein

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