Por que não votar em Serra
Creio que estão abusando do direito de iludir os outros aqueles que promovem a candidatura de Serra. Entre os pontos de destaque de seu currículo vou citar só dois, pois ando por demais atarefado e com escasso tempo disponível:
1) articulou a passagem da emenda inserida na Constituição por meio de fraude grosseira rubricada por Nelson Jobim, através do qual se privilegia no Orçamento da União o serviço da dívida, gracinha que já custou ao País desde 1988, cerca de 6 trilhões de reais. Repito: trilhões. Já pensaram no que é um bilhão? Muito bem: 1 trilhão, lembro, são mil bilhões;
2) foi dos executores principais das mais escandalosas privatizações realizadas até hoje no Planeta e que constituem a maior mega-corrupção da História do Brasil e também do mundo.
1) articulou a passagem da emenda inserida na Constituição por meio de fraude grosseira rubricada por Nelson Jobim, através do qual se privilegia no Orçamento da União o serviço da dívida, gracinha que já custou ao País desde 1988, cerca de 6 trilhões de reais. Repito: trilhões. Já pensaram no que é um bilhão? Muito bem: 1 trilhão, lembro, são mil bilhões;
2) foi dos executores principais das mais escandalosas privatizações realizadas até hoje no Planeta e que constituem a maior mega-corrupção da História do Brasil e também do mundo.
Transcrevo trecho de correspondência minha:
"AB. Sim, considero que as privatizações realizadas, em grande escala, durante os mandados de FHC representam o maior exemplo mundial, de todos os tempos, em matéria de corrupção, pois, de outro modo, não poderia ter havido o que houve. E o que houve? Estatais federais e bancos e estatais estaduais entregues, não apenas de graça, mas fazendo a União gastar centenas de bilhões de reais. Essas empresas e bancos valiam mais que dezenas de trilhões de dólares. Isso porque seu valor na época já era inestimável, insuscetível de ser medido em moedas criadas à vontade por bancos centrais a serviço de banqueiros golpistas, que levaram ao maior caos financeiro da história e desencadearam a depressão mundial, que deve durar mais e ser mais profunda que a famosa dos anos 30. Hoje, portanto, ficou ainda mais sem sentido tentar avaliar as estatais privatizadas na moeda podre, que é o dólar, completamente inflacionado e destinado a ser trocado por outra moeda de vigaristas. De fato, o dólar não vale mais quase nada, hiperinflacionado que está, e prestes a desabar ainda mais. Basta dizer que a onça de ouro beira US$ 1,400.00, e se cotava a pouco mais de 200 dólares em 2002. E isso ainda é só o começo. E não foram só as privatizações: há ainda as políticas e as medidas específicas para desnacionalizar as médias e grandes empresas de capital nacional, hoje também quase todas em poder de transnacionais, já que foram adquiridas por estas por frações de seu valor real, mesmo sem contar que esse valor seria muito mais elevado se mais de quatro quintos de sua população não vivessem em condições econômicas lamentáveis. Não duvido de que também haja corrupção entreguista no governo de Lula. Entretanto, o grau de envolvimento deste com esse esquema me parece incomparavelmente menor do que o da gang tucana. Por que? Porque, se Lula não tomou medidas para reverter o processo que já vinha desde Collor, de entregar tudo, e foi intensificado por FHC, pelo menos o desacelerou grandemente. A realidade é que qualquer presidente no Brasil só chega a isso – e até a candidato – se tiver o beneplácito do sistema de poder da oligarquia financeira anglo-americana. Logo ao ser eleito em 2002, Lula fez duas nomeações de imediato, determinadas por esse sistema: a de Meirelles para o Banco Central e Marina da Silva para o Meio Ambiente. Mas em muitas áreas, inclusive a de defesa, a do desenvolvimento nuclear houve apreciável melhora sob Lula. Na área do petróleo, embora timidamente, Lula é muito menos entreguista do que a gang de FHC. Esta, já encarapitada no bonde de Serra, quer atender as transnacionais do petróleo de forma radical. A política de infra-estrutura e o apoio ao agronegócio e aos grandes empreiteiros (esses estão contentes com Lula) pode envolver corrupção, mas é muito menos nociva ao País do que aquela que privilegia exclusivamente empresas de capital estrangeira e trata de enfraquecer grandes grupos nacionais a se venderem às transnacionais. Finalmente, não vejo muito sentido em comparar os patrimônios acumulados no Brasil por corruptos de grande porte. Isso porque, em geral, não contamos com dados sobre o que eles acumularam em contas e em outros ativos no exterior." Pensam que gosto de Dilma? Se a resposta é sim, estão enganados. Apenas vejo o que é menos horrível, pois no atual sistema e na atual estrutura econômica do País todos os candidatos são necessariamente indicados com o beneplácito dos que tratam de fazer o Brasil retornar à mera condição de entregador de suas riquezas naturais, como mostra a tendência da estrutura de exportações, com percentagem cada vez maior de produtos primários e semimanufaturados. Dilma também é deles, embora menos radical na entrega dos patrimônios nacionais do que Serra. Por isso é que encheram a bola de Marina da Silva, agente da coroa britânica, para haver segundo turno, e é por isso que a grande mídia trabalha por Serra."
"AB. Sim, considero que as privatizações realizadas, em grande escala, durante os mandados de FHC representam o maior exemplo mundial, de todos os tempos, em matéria de corrupção, pois, de outro modo, não poderia ter havido o que houve. E o que houve? Estatais federais e bancos e estatais estaduais entregues, não apenas de graça, mas fazendo a União gastar centenas de bilhões de reais. Essas empresas e bancos valiam mais que dezenas de trilhões de dólares. Isso porque seu valor na época já era inestimável, insuscetível de ser medido em moedas criadas à vontade por bancos centrais a serviço de banqueiros golpistas, que levaram ao maior caos financeiro da história e desencadearam a depressão mundial, que deve durar mais e ser mais profunda que a famosa dos anos 30. Hoje, portanto, ficou ainda mais sem sentido tentar avaliar as estatais privatizadas na moeda podre, que é o dólar, completamente inflacionado e destinado a ser trocado por outra moeda de vigaristas. De fato, o dólar não vale mais quase nada, hiperinflacionado que está, e prestes a desabar ainda mais. Basta dizer que a onça de ouro beira US$ 1,400.00, e se cotava a pouco mais de 200 dólares em 2002. E isso ainda é só o começo. E não foram só as privatizações: há ainda as políticas e as medidas específicas para desnacionalizar as médias e grandes empresas de capital nacional, hoje também quase todas em poder de transnacionais, já que foram adquiridas por estas por frações de seu valor real, mesmo sem contar que esse valor seria muito mais elevado se mais de quatro quintos de sua população não vivessem em condições econômicas lamentáveis. Não duvido de que também haja corrupção entreguista no governo de Lula. Entretanto, o grau de envolvimento deste com esse esquema me parece incomparavelmente menor do que o da gang tucana. Por que? Porque, se Lula não tomou medidas para reverter o processo que já vinha desde Collor, de entregar tudo, e foi intensificado por FHC, pelo menos o desacelerou grandemente. A realidade é que qualquer presidente no Brasil só chega a isso – e até a candidato – se tiver o beneplácito do sistema de poder da oligarquia financeira anglo-americana. Logo ao ser eleito em 2002, Lula fez duas nomeações de imediato, determinadas por esse sistema: a de Meirelles para o Banco Central e Marina da Silva para o Meio Ambiente. Mas em muitas áreas, inclusive a de defesa, a do desenvolvimento nuclear houve apreciável melhora sob Lula. Na área do petróleo, embora timidamente, Lula é muito menos entreguista do que a gang de FHC. Esta, já encarapitada no bonde de Serra, quer atender as transnacionais do petróleo de forma radical. A política de infra-estrutura e o apoio ao agronegócio e aos grandes empreiteiros (esses estão contentes com Lula) pode envolver corrupção, mas é muito menos nociva ao País do que aquela que privilegia exclusivamente empresas de capital estrangeira e trata de enfraquecer grandes grupos nacionais a se venderem às transnacionais. Finalmente, não vejo muito sentido em comparar os patrimônios acumulados no Brasil por corruptos de grande porte. Isso porque, em geral, não contamos com dados sobre o que eles acumularam em contas e em outros ativos no exterior." Pensam que gosto de Dilma? Se a resposta é sim, estão enganados. Apenas vejo o que é menos horrível, pois no atual sistema e na atual estrutura econômica do País todos os candidatos são necessariamente indicados com o beneplácito dos que tratam de fazer o Brasil retornar à mera condição de entregador de suas riquezas naturais, como mostra a tendência da estrutura de exportações, com percentagem cada vez maior de produtos primários e semimanufaturados. Dilma também é deles, embora menos radical na entrega dos patrimônios nacionais do que Serra. Por isso é que encheram a bola de Marina da Silva, agente da coroa britânica, para haver segundo turno, e é por isso que a grande mídia trabalha por Serra."
Adriano Benayon é Doutor em Economia pela Universidade de Hamburgo e Advogado, OAB-DF nº 10.613, formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Foi Professor da Universidade de Brasília e do Instituto Rio Branco, do Ministério das Relações Exteriores. Autor de “Globalização versus Desenvolvimento”.
abenayon@brturbo.com.br
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