terça-feira, 4 de setembro de 2012

CPMI do Cachoeira define futuro das investigações em reunião às 16 horas


Leonardo Prado
CPMI a investigar práticas criminosas do Carlinhos Cachoeira, e agentes públicos e privados, desvendadas pelas operações
Depoimentos marcados para hoje acabaram não ocorrendo.
Líderes dos partidos que integram a Comissão Parlamenta Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira vão se reunir às 16 horas para decidir o futuro das investigações. O encontro será realizado no gabinete do presidente da comissão, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB). O principal objetivo é tentar um acordo para uma reunião administrativa nesta quarta-feira (5). Parlamentares pressionam para a comissão aprovar requerimentos da quebra de sigilo de 12 empresas de fachada. Elas fazem parte de um grupo de 18 que teriam recebido R$ 421 milhões da construtora Delta. As outras 6 já tiveram o sigilo quebrado pela comissão. “Ou a CPMI determina a quebra do sigilo bancário das empresas laranjas ou seremos coniventes com o crime. Estamos vendo um adiamento injustificável da quebra do sigilo dessas empresas”, disse o deputado Domingos Sávio (PSDB-MG). O relator da comissão, deputado Odair Cunha (PT-MG), disse que apresentará na reunião um balanço de todos os documentos recebidos pela comissão e uma relação dos que faltam. “Isso se tornou muito mais importante, diante do código de silêncio dos depoentes”, afirmou. Para o vice-presidente da CPMI, deputado Paulo Teixeira (PT-SP), o relator deveria apresentar um relatório parcial para ser analisado pelos membros da comissão. Cunha concordou que é importante compartilhar as informações de seu relatório, mas disse que a “espinha dorsal” de sua análise foi apresentada no plano de trabalho da relatoria no início dos trabalhos da comissão.
Motorista

Os parlamentares ficaram cerca de uma hora na reunião de hoje pela manhã e não conseguiram ouvir ninguém. O ex-funcionário da construtora Delta André Teixeira Jorge, que era motorista de Cláudio Abreu, ex-gerente da empresa no Centro-Oeste, evocou o direito de permanecer em silêncio e foi dispensado do depoimento pelo presidente da comissão, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB). Ele obteve liminar em pedido de habeas corpus impetrado no Supremo Tribunal Federal (STF). De acordo com dados bancários quebrados pela comissão, referentes a movimentação de 2002 a 2012, mais de R$ 1,37 milhão passou por suas duas contas pessoais. Segundo a assessoria do PPS, a empresa Emprodata Administração, suspeita de fazer parte da organização de Cachoeira, depositou R$ 66 mil para Teixeira Jorge em 10 de agosto de 2009. No mesmo dia, o contador Geovani Pereira da Silva, apontado como tesoureiro do esquema de Cachoeira, recebeu R$ 65 mil.

Leréia

O depoimento do deputado Antonio Carlos Leréia (PSDB-GO) foi cancelado e ainda não foi remarcado. Ele enviou ofício à comissão afirmando que tinha compromissos inadiáveis marcados para hoje e se disse disposto a ir à CPMI a partir de 18 de setembro. Odair Cunha disse ser “estranhíssimo” o parlamentar goiano não ter ido à comissão. “Nós não vamos encerrar esta CPMI sem a oitiva do Leréia, pois há muitos indícios de vinculação do deputado com a organização”, afirmou. O relator admitiu, porém, que os depoimentos geralmente se revelaram inúteis para o objetivo central da CPMI. Para o deputado Domingos Sávio (PSDB-GO), é um dever da CPMI ouvir Leréia. “Ele tem de vir, nós do PSDB queremos que ele venha. Se não vier como convidado seja como convocado.” De acordo com investigações da Polícia Federal, o parlamentar teria recebido dinheiro da organização de Carlos Cachoeira. Além disso, teria alertado o contraventor sobre uma operação policial e usado o cartão dele para fazer compras. Segundo a PF, Leréia e Cachoeira conversaram por telefone pelo menos 72 vezes entre março e julho do ano passado. O nome do deputado é citado em outros 26 telefonemas entre o contraventor e outros supostos membros da organização criminosa.

Prorrogação

Odair Cunha disse que só decidirá em outubro se solicitará a prorrogação dos trabalhos da comissão. “Só em outubro terei condições de dizer se tudo que precisávamos ter acesso já chegou e eu posso apresentar um relatório final.” O prazo da CPMI do Cachoeira termina em 4 de novembro.
Reportagem – Tiago Miranda
Edição – Wilson Silveira

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