Com o contraventor Carlinhos Cachoeira preso desde o fim de fevereiro, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) Mista, que investiga as ligações do bicheiro com esquema de corrupção e desvio de dinheiro público, deveria ter o trabalho facilitado para investigar as conexões com empresas, políticos e partidos políticos. Mas quatro meses se passaram desde a primeira reunião e a comissão patina envolta em dúvidas e nas amarras de governistas e também de membros da oposição, receosos por “respingos”. Alguns integrantes da CPI tentam se desvencilhar das cordas e avançar nas descobertas contra Cachoeira e, principalmente, da construtora Delta, empreiteira apontada como centro financeiro do esquema. A voz aguda do senador Randolfe Rodrigues (Psol-AP), 38 anos, ecoa em dissonância contra esse ritmo. Para o mais jovem integrante do Senado, apelidado no Congresso de Harry Potter, o bruxinho das histórias de J.K. Rowling, a rede criminosa Delta-Cachoeira é o maior esquema de corrupção e desvio de recursos públicos da história da República. Em todas as sessões, faz questão em mostrar que a quebra de todos os sigilos das empresas fantasmas e de integrantes do esquema é o caminho para desvendar as relações escusas. “Mesmo que uns não queiram, isso (as investigações) vai ser levado ao Ministério Público Federal, à Polícia Federal. Isso vai ter desdobramentos”, afirmou em entrevista ao Terra. O senador adianta que trabalha com um plano B, caso o relatório da CPI não aponte os “reais culpados”. Randolfe revela que pedirá o indiciamento de políticos graúdos como o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). Mas seu principal alvo é o mentor da rede criminosa. Não se trata de Cachoeira, que para o parlamentar era apenas uma das peças da engrenagem. Se Randolfe tivesse a varinha mágica de Harry Potter, apontaria direto para o empresário Fernando Cavendish, considerado por ele o vilão mais poderoso: “O Voldemort do Brasil é Cavendish”, declarou o senador, brincando com o rival do bruxinho.
Confira os principais trechos da entrevista com o senador, clicando aqui.
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