Políticos citados no esquema do bicheiro goiano, como Perillo e o prefeito de Palmas, estão afastados das disputas municipais e evitam pedir votos para seus candidatos
João Valadares/Correio Braziliense
Enfraquecido pelo bombardeio de informações que ligam seu nome ao esquema montado pelo bicheiro Carlinhos Cachoeira, o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), ainda não deu as caras para valer na campanha política dos aliados. Nem mesmo no interior do estado, onde historicamente tem uma imagem bastante forte. Alguns partidários reconhecem que o golpe foi duro e, por isso, é necessário um tempo até que tudo volte ao normal. Na capital, o candidato de Perillo, deputado federal Jovair Arantes (PTB), declarou que o apoio é extremamente bem-vindo, no entanto, ainda não decidiu se vai utilizar depoimento do governador no seu horário eleitoral. Jovair, que aparece em terceiro colocado nas pesquisas de intenção de voto, esquivou-se quando perguntado por que ainda não tinha utilizado a imagem de Perillo na propaganda. Sem perceber, acabou fazendo uma analogia desastrosa. “Não sei se vou usar. Só se for preciso. Você vai perguntar também ao prefeito Paulo Garcia (PT) se ele vai utilizar Delúbio Soares (réu do mensalão) na campanha?”, questionou. Até agora, o governador compareceu a apenas dois atos públicos de campanha de Jovair. A própria assessoria de imprensa de Marconi Perillo confirma que ele ainda não tem participado efetivamente da campanha neste ano, mas alega que não é pela resistência dos aliados, e sim pela atribulada campanha administrativa.
Depoimento
Perillo já prestou depoimento à CPI, mas ainda há um requerimento de autoria do senador Randolfe Rodrigues (PSol-AP) pedindo a sua reconvocação, o que pode agravar ainda mais a situação. De acordo com denúncias em poder da CPI, a construtora Delta, no foco do esquema comandado pelo bicheiro Carlinhos Cachoeira, teria pago R$ 500 mil de propina ao governador para que ele liberasse R$ 9 milhões em faturas atrasadas da empreiteira. Segundo relatório da Polícia Federal, logo depois de Perillo receber o dinheiro, o governo de Goiás pagou a dívida. A transação foi camuflada por meio da venda da casa onde ele morava. O imóvel foi comprado por Cachoeira e pago com recursos de empresas fantasmas abastecidas pela Delta. A assessoria de imprensa do governador alega que a questão do imóvel já está devidamente explicada aos integrantes da comissão. Em Palmas, capital do Tocantins, o prefeito Raul Filho (PT), flagrado em vídeo negociando apoio com Carlinhos Cachoeira para campanha de 2004, sumiu. Não participa da propaganda eleitoral da candidata Luana Ribeiro (PR) e não é visto em nenhum ato público. Até agora, só apareceu na convenção partidária. Na época, o vídeo comprometedor ainda não tinha vazado. Pessoas próximas ao prefeito informam que ele passa a maior parte do tempo trancado no gabinete. Raul Filho tem evitado até participar de solenidades. Desde que as denúncias foram feitas, foi visto apenas na inauguração de uma escola municipal. Em todas as entrevistas ou debates de que participa, a candidata do PR é confrontada a responder sobre o prefeito Raul Filho. Ela aparece em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto, atrás do deputado estadual Marcelo Lelis (PV). Raul Filho também prestou depoimento à CPI do Cachoeira, mas não convenceu nem os integrantes do seu próprio partido. Logo após a sessão, o relator da comissão, deputado Odair Cunha (PT-MG), afirmou que “há indícios de que houve financiamento de campanha em troca de benefícios em contratos na prefeitura.”
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