Mesmo com a previsão de aumento da arrecadação, a relatora-geral não descarta cortes no Orçamento de 2011. Na semana passada, o governo previu um corte de R$ 8 bilhões para o próximo ano.
No total, a receita líquida federal foi estimada em R$ 825,15 bilhões. Esse é o montante que fica nas mãos da União, após as transferências constitucionais — fundos de participação dos estados (FPE) e dos municípios (FPM). O projeto original do Orçamento (PLN 59/10) previa uma receita líquida de R$ 802,7 bilhões.
Apesar desse aumento em termos nominais, o número aprovado é inferior ao que o próprio Executivo projeta para este ano, em proporção do PIB. De acordo com o último relatório de avaliação fiscal divulgado pelo Ministério do Planejamento, a arrecadação líquida deste ano deve somar 21,9% do PIB. Já o relatório aprovado na Comissão de Orçamento prevê uma receita equivalente a 21% do PIB em 2011.
O parecer foi apresentado pelo deputado Bruno Araújo (PSDB-PE), coordenador do Comitê de Avaliação da Receita, e recebeu a chancela de todos os integrantes deste colegiado, que inclui parlamentares do governo e da oposição.
De acordo com as normas regimentais que orientam a tramitação do Orçamento, os valores da segunda estimativa serão alocados nas emendas coletivas (de comissão e de bancadas estaduais), proporcionalmente aos atendimentos feitos nos relatórios setoriais. Uma reunião dos coordenadores das bancadas, marcada para esta terça-feira (14) às 11 horas, na sala da presidência da Comissão de Orçamento, deverá selar a distribuição dos recursos.
Segundo ele, os consultores de Orçamento da Câmara e do Senado não concordam com os “elementos apresentados pelo governo”. Araújo criticou a forma como o Executivo divulgou a possibilidade de corte, chamando-a da “intempestiva”. Ele disse que o anúncio foi feito sem atenção à formalidade regimental, pois chegou ao Congresso após o fim do prazo para a atualização dos parâmetros macroeconômicos usados na estimativa da receita. O prazo terminou no final de novembro.
“O governo impôs uma mudança de rumo sem antes apresentar nenhum elemento que a corroborasse. Estamos absolutamente seguros com estes números”, afirmou. Para ele, o anúncio feito pelo governo teve como verdadeiro objetivo criar um ambiente para uma forte contenção de gastos no próximo ano, e não visar à reestimativa da receita.
Serys vai ouvir a proposta do Executivo sobre eventuais cortes. “Espero que sejam pequenos, mas ainda terei de conversar. Preciso ter a posição oficial do governo”, afirmou a relatora, que pretende entregar o seu parecer até o fim desta semana.
(*) Matéria atualizada às 23h22.
Edição – João Pitella Junior
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