segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Papaléo quer incentivos para atrair médicos ao interior do país

O senador Papaleo Paes (PSDB-AP), em discurso nesta segunda-feira (6), sugeriu o governo invista para atrair médicos para as cidades do interior, principalmente para atuar nos estados do Norte e Nordeste, tornando assim mais homogênea a presença destes profissionais no país. Um recurso plausível para atenuar o problema, apontou Papaléo, ao citar artigo da médica endocrinologista Aracy Balbani, seria cobrar contrapartida dos profissionais formados em universidades públicas, maioria no caso das profissões médicas, que, em troca da gratuidade do ensino de alta qualidade, exerceriam sua habilidade no interior do país. O trabalho, acrescentou, seria remunerado por alguma bolsa de aperfeiçoamento. Outra forma seria a incorporação temporária às Forças Armadas, que tem presença obrigatória nas áreas mais remotas do Brasil, apontou o senador.
- A presença do setor público no fomento a fixação dos profissionais é necessária porque hoje o Estado é o maior empregador na área de saúde - salientou.
Apesar de o número de médicos no Brasil ser considerado bom - a Organização Mundial de Saúde recomenda um para cada mil habitantes, e aqui existe um para cada 535 - eles estão concentrados nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, que têm em média 400 habitantes por médico. Em contrapartida, Norte e Nordeste têm índices superiores a 800 habitantes por profissional.
Outro complicador para a heterogeneidade é que 57% dos profissionais se concentram nas capitais dos estados, segundo dados do Conselho Federal de Medicina (CFM). O caso extremo é Roraima, com quase 95% dos profissionais trabalhando em Boa Vista. O campeão de descontração é Santa Catarina, com 71% dos médicos fora de Florianópolis.
Papaléo também elogiou iniciativa do Ministério da Saúde, que criou este ano uma comissão para elaborar um plano de carreira para o Sistema Único de Saúde (SUS), que pode representar oportunidade de readequação dos quadros.
Na opinião do parlamentar, é fundamental atacar o que chamou de isolamento dos médicos. Ele sugeriu que, com a prometida universalização da internet banda larga, se pense em formas de gratuidade de conexão para hospitais e profissionais de saúde, a exemplo do que se busca para escolas públicas.
Da mesma forma, explicou Papaléo, podem ser pensadas formas de incentivo para os que continuam na medicina como profissionais liberais, garantindo facilidades para financiamento de consultórios e equipamentos para os que se decidirem por fixar-se em cidades de menor porte.
O parlamentar afirmou ser necessária a ampliação da atenção básica, que exige profissionais mais generalistas, mas que o estímulo à interiorização não pode se restringir só a levá-los para as pequenas e médias cidades e abandoná-los à própria sorte. É preciso fixá-los, ajudando a atenuar o isolamento e investindo também em lhes garantir condições de trabalho, equipamentos, outros profissionais de saúde como enfermeiros e, além de tudo, valorização e reconhecimento profissional.

Da Redação / Agência Senado

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