A primeira reunião da Comissão Parlamentar Memória, Verdade e Justiça gerou polêmica entre os deputados. Realizada a portas fechadas, sem acesso da imprensa, a reunião deixou indignado o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), que classificou a atitude como tendenciosa. A Comissão, criada no final do ano passado para ajudar a esclarecer fatos ocorridos durante a ditadura militar, ouviu nesta terça-feira dois ex-militares e um civil que atuaram na Guerrilha do Araguaia. Para Bolsonaro, sem acesso público aos depoimentos em tempo real, os dados poderão ser facilmente alterados da maneira mais conveniente para a comissão. "Dois falaram a verdade sobre o Araguaia, mas o que acontece? Quando for aberto ao público, eles não vão ser chamados porque falaram a verdade? Covardia da comissão. Comissão da verdade secreta, onde nós estamos? Não é verdade? Vamos falar a verdade, poxa, aberta à imprensa. Estão preparando aqui os depoimentos?"
Proteção dos depoentes
A coordenadora da Comissão da Verdade, deputada Luiza Erundina (PSB-SP), informou que a reunião ocorreu a portas fechadas para proteger os depoentes porque dois deles sofreram atentados nas últimas semanas. "Num dado momento nós vamos levar ao conhecimento público, vamos divulgar os depoimento, os fatos revelados por essas pessoas”, disse a parlamentar. “Mas num primeiro momento, para preservá-las, preservar inclusive sua segurança [será secreta]." Luiza Erundina explicou que os depoimentos poderão levar a uma investigação no local onde ocorreram os embates entre militares e guerrilheiros. Para realizar esse trabalho, foram convidadas as comissões de Direitos Humanos das assembleias legislativas. Qualquer pessoa que tenha informações sobre esse período e queira se manifestar na comissão pode entrar em contato pelo e-Democracia ou pelo telefone da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara (61) 3216-6570.
Reportagem – Karla Alessandra/Rádio Câmara
Edição – Newton Araújo
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