O prefeito que assume dia primeiro de janeiro é
conhecido da sociedade amapaense. Clécio foi forjado nas lutas estudantis,
entrou para militância partidária e foi eleito vereador. Agora virou prefeito
da capital, um município que concentra a maior parte dos habitantes do Estado,
portanto o que também abriga as maiores demandas e os maiores
problemas. Governar Macapá onde menos de 5% da população é servida com
rede de esgoto e cerca de mais da metade não possui água encanada, classificada
entre as que detém os piores indicadores sociais do país, portanto com baixa
qualidade de vida, é um grande desafio. Como enfrentar esses desafios? Difícil
de responder, todavia se tomarmos os números e estabelecermos as proporções,
vamos verificar que quem tem um orçamento de um pouco mais de 10% do orçamento
estadual e concentra mais de 70% da população não tem como fazer milagre.
Apesar de manter a gana pelo trabalho, Clécio vai assumir o comando de um dos
piores municípios do país em capacidade de arrecadação, meio indispensável para
atender os seus fins; um município usurpado no direito de receber a parte que
lhe cabe na receita do Estado. De posse de um diagnóstico sombrio, Clécio
precisa ter a consciência de que terá que desprender mais horas de trabalho do
que o normal para, no primeiro momento, buscar o equilíbrio financeiro da
prefeitura. Isso pode levar tempo, talvez mais do que os 100 dias fatídicos. A
primeira ordem é arrumar a casa e, dependendo de como está, pode demorar mais
do que se pensa. Os desafios precisam ser elencados e, não necessariamente por
essa ordem, vai ser preciso, de imediato, sair da inadimplência sob pena de não
poder receber recursos federais; organizar, azeitar e fazer funcionar a máquina
arrecadadora; organizar e colocar pra trabalhar os recursos humanos; conversar
e renegociar com credores ; estabelecer uma boa relação com a Câmara e
convencer o Governo do Estado a assumir a sua parte, seja na parceria, seja
individualmente, no que diz respeito as demandas da população que paga impostos
estaduais, mora na capital e precisa de serviços e equipamentos urbanos que
também competem ao Estado. No mais, é lembrar o estadista francês Charles
De Gaulle que disse: “os desafios foram feitos para serem enfrentados e os
obstáculos para serem ultrapassados”. Allez, Clécio
Olimpio Guarany é jornalista, economista,
publicitário e professor universitário
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