terça-feira, 15 de março de 2011

Presidente do Senado destaca história das lutas pela independência


Homenagem ao heroísmo dos brasileiros que lutaram em jenipapo

Quando o Brasil se fez independente, nem todo o País aderiu imediamente. O Maranhão, o Piauí, o Ceará, mantiveram-se ainda sob o controle das armas portuguesas. Em Oeiras, capital do Piauí, comandava João José da Cunha Fidié. À adesão da cidade de Parnaíba à Independência, Fidié atravessa os setecentos quilômetros que afastam Oeiras do mar, e, com reforço vindo de São Luís, ocupa a cidade. Os que lutavam pela causa brasileira refugiam-se no Ceará. Logo depois, em Oeiras, a 24 de janeiro de 1823, Manuel de Sousa Martins, futuro Visconde da Parnaíba, proclama a Independência e assume a presidência da Junta do Governo do Piauí. Fidié resolve voltar, com seus 1.100 homens. Tinha uma tropa bem armada, inclusive com 11 peças de artilharia, e contava com o reforço dos soldados vindos do Maranhão. Campo Maior, a meio caminho, aderira à Independência a 2 de fevereiro de 1823. O capitão Luís Rodrigues Chaves formou sua tropa com 1.500 homens — piauienses, cearenses, maranhenses. Eram homens simples, armados de instrumentos de trabalho, foices, chuços, facões, uma ou outra espada ou espingarda de caça. Às margens do Jenipapo, naquela região belíssima formada de carnaubais e caatinga de vegetação baixa, os brasileiros se dividiram em dois grupos, um comandado por Chaves e outro por João da Costa Alecrim. A 13 de março de 1823, pela manhã, começaram os combates, que se prolongaram até à tarde. O combate era desigual, com a artilharia causando grandes perdas, mais de 500 prisioneiros e cerca de 200 mortos e feridos. Em Campo Maior, no Jenipapo, Fidié ganhou a batalha e perdeu a guerra. Explico: perdeu parte dos suprimentos, se enfraqueceu, desistiu da conquista de Oeiras e se refugiou em Caxias, no Maranhão, onde foi cercado e se rendeu a 31 de julho de 1823. Assim se fez a conquista do último foco de resistência das tropas portuguesas à Independência — a Bahia caíra a 2 de julho. Foi o heroísmo de gente simples que deu o passo fundador à união nacional tão sonhada por José Bonifácio. Meu tetravô, Manuel Leopoldino da Costa Ferreira, esteve entre os que lutaram na Batalha do Jenipapo. Ficaram na história de nossa família os momentos de coragem simples, deste desafio de peito aberto às armas portuguesas, a ansiedade da preparação da batalha. O cemitério do Jenipapo celebra hoje os mortos, nas sepulturas cobertas das lajes de Campo Maior. E nós celebramos todos os combatentes, que transformaram a história de nosso País.

Agência Senado

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