quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

MP do setor elétrico pode ser votada hoje no Plenário


Beto Oliveira
Domingos Sávio
Domingos Sávio reivindicava mais tempo para discussão.
Mesmo com clima tenso entre parlamentares da base do governo e da oposição, a comissão mistaque analisa a Medida Provisória 579/12 aprovou o relatório do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) nesta terça-feira (11). Com isso, a proposta poderá ser votada pelo Plenário da Câmara em sessão extraordinária hoje (12), a partir das 9 horas. Calheiros retirou do texto aprovado a principal alteração promovida no projeto do governo – a concessão de novo prazo para as empresas geradoras de energia renovarem os contratos de concessão. Pela medida provisória, o período encerrou-se em 4 de dezembro. Todas as empresas de distribuição e transmissão aceitaram as novas regras propostas pelo Executivo, mas somente 60% dos contratos de geração que vencem até 2015 foram renovados. Geradoras de empresas como Cemig, Cesp e Copel ficaram fora do novo arranjo.


“Cláusula de arrependimento”

Segundo Renan Calheiros, o objetivo com a previsão de novo prazo – até 30 dias após a sanção da nova lei – era facilitar a votação do projeto de lei de conversão e conceder uma “cláusula de arrependimento” para as empresas que não renovaram as concessões. “Mas, como houve contestação da oposição e alegação de aumento do risco de insegurança jurídica, preferi retirar a modificação”, explicou. Autor de uma emenda que previa exatamente esse novo prazo, o deputado Domingos Sávio (PSDB-MG), reclamou do recuo do relator. Mas foi o próprio parlamentar que suscitou a discussão, ao ressaltar que, com a mudança, criou-se contradição entre dois artigos do projeto.

Brizza Cavalcante
Jilmar Tatto
Jilmar Tatto decidiu votar os destaques antes do texto principal.
Votação

Mas foi durante o processo de votação que os ânimos realmente esquentaram. O presidente da comissão, deputado Jilmar Tatto (PT-SP), decidiu votar os destaques antes do texto principal. De acordo com o deputado, essa possibilidade é prevista no Regimento Interno no Congresso Nacional, que rege o trabalho das comissões mistas. Com isso, em processo de votação simples e maioria da base na comissão, todas as emendas foram rejeitadas e o texto principal aprovado. A oposição, no entanto, contestou a decisão. “Essa é uma posição bastante autoritária, como podemos votar sem sequer saber o que estamos votando?”, questionou o senador Aécio Neves (PSDB-MG). Em sinal de protesto, o parlamentar retirou as emendas de sua autoria. Mas garantiu que irá reapresentar todas elas nos plenários da Câmara e do Senado. Embora se digam favoráveis à medida, os oposicionistas reivindicavam mais tempo para discussão. Para o deputado Domingos Sávio (PSDB-MG), “vários artigos” poderiam ser aprimorados. “Apresentamos uma dúzia de destaques e eles não foram nem lidos, eles [presidente e relator] não tomaram conhecimento, queriam aprovar o texto como está, sem discussão”, sustentou.


Mudanças pontuais

Renan Calheiros fez apenas mudanças pontuais na MP. Em uma delas prevê que, mesmo após a renovação dos contratos, as empresas que assinaram contrato de fornecimento de energia com consumidor final poderão continuar a cobrar os preços estipulados. Segundo Domingos Sávio, embora adequada, a medida atende apenas à Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf). O relator também reduziu de 0,5% para 0,4% do lucro anual do concessionário o índice cobrado para a Taxa de Fiscalização dos Serviços de Energia Elétrica. Além disso, dispôs que o montante arrecadado e não utilizado deverá voltar para as empresas e ser utilizado para a redução das tarifas.

Íntegra da proposta:

Reportagem - Maria Neves
Edição - Juliano Pires

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