Hoje foram detalhados os cinco votos em separado apresentados ao relatório de Odair Cunha, pedindo novos indiciamentos e ampliação das investigações. Texto final poderá ser votado na terça-feira.
Alexandra Martins
Odair Cunha admitiu incluir sugestões feitas durante a reunião desta terça da CPMI do Cachoeira.
O relator da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira, deputado Odair Cunha (PT-MG), reiterou, nesta terça-feira, que não vai fazer mais mudanças substanciais em seu relatório, ainda que tenha admitido incluir no texto sugestões feitas durante a reunião de hoje. Uma nova reunião foi marcada para a próxima terça-feira (18), quando o relatório deverá ser votado, apenas quatro dias antes do prazo para o encerramento dos trabalhos da CPMI. "Havendo decisão política, o tempo é o menos importante; neste momento atual, as forças não estão constituídas", afirmou. Na reunião de hoje, foram detalhados os cinco votos em separado apresentados ao relatório: do DEM, do Psol, do PSDB, do PPS e do deputado Luiz Pitiman (PMDB-DF). Esses textos pedem o indiciamento de mais agentes públicos e privados e cobram a investigação mais aprofundada de uma série de empresas, especialmente as que mantiveram relações contratuais com a Delta Construções S/A. "Muito do que foi apresentado nos votos em separado e sugerido pelos parlamentares já está no meu relatório, que englobou tudo o que foi investigado pela CPMI", disse Cunha.
Relatório “improvisado”
Alexandra Martins
Álvaro Dias: relatório de Odair Cunha tem adjetivações maldosas contra o procurador-geral da República.
Havia a expectativa de a votação dos relatórios começar na reunião de hoje, mas a identificação de uma série de "erros materiais" no texto de Odair Cunha fez com que o presidente da CPMI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), adiasse a deliberação. Primeiro, o deputado Domingos Sávio (PSDB-MG) apontou o indiciamento do jornalista da VejaPolicarpo Junior no relatório final; em seguida, o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) declarou que o texto também cita o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, com "adjetivações maldosas", enquanto o relator havia garantido que os nomes de Gurgel e de cinco jornalistas (inclusive Policarpo) seriam retirado. Depois da decisão de Vital do Rêgo, diversos parlamentares da oposição criticaram a postura do relator, que teria apresentado um documento com mais de 5 mil páginas de "forma improvisada", conforme definiu o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP).
Votos em separado
O primeiro voto em separado apresentado na reunião de hoje foi do líder do PPS na Câmara, deputado Rubens Bueno (PR). Com 73 páginas, ele pede abertura de inquérito para apurar a relação do bicheiro Carlinhos Cachoeira e da construtora Delta com cinco governadores: Agnelo Queiroz (PT-DF), Sérgio Cabral (PMDB-RJ), Siqueira Campos (PSDB-TO), Marconi Perillo (PSDB-GO) e Sinval Barbosa (PT-MT). Desses, apenas Perillo foi citado com o pedido de indiciamento no relatório “oficial”. O voto em separado do Psol foi apresentado pelo senador Randolfe Rodrigues (AP). Ele também pede o indiciamento dos governadores Agnelo Queiroz, Sérgio Cabral e Siqueira Campos, além do secretário de Relações Institucionais do Tocantins, Eduardo Siqueira Campos, e do deputado federal Sandes Júnior (PP-GO). Randolfe Rodrigues lamentou também o fato de a comissão não ter realizado a quebra de sigilo de empresas ligadas à Delta. “Este era um direito que a CPMI não tinha: de não quebrar o sigilo das empresas ligadas à empreiteira Delta”, disse.
Investigar o governo do Rio
Alexandra Martins
Onyx Lorenzoni: relatório de Cunha é chapa branca e busca proteger o governo federal e o do Rio de Janeiro.
O DEM, entre outras coisas, pediu investigação das relações da Delta com o governo do Rio de Janeiro. O deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), que apresentou o voto em separado, classificou o relatório de Cunha de “chapa branca”. “Tenho que, tristemente, chamar o relatório de chapa branca. De maneira clara, buscou proteger e salvaguardar outros interesses, alguns localizados no estado do Rio de Janeiro e relativos ao governo federal, e que acabaram trazendo à luz, no depoimento do senhor Antonio Pagot [ex-diretor do Dnit], o cometimento, na minha visão, de crime.”
Proteção do governo federal
O senador Álvaro Dias, que apresentou o voto em separado do seu partido, afirmou que o relatório de Cunha não trouxe novidades e buscou proteger os interesses do governo federal. “O relatório do deputado Odair Cunha é apenas a compilação do trabalho apresentado pela Polícia Federal no Centro-Oeste do País. Quando chegamos além do Centro-Oeste, a CPMI parou. Ela foi impedida de continuar”, disse. Dias pediu que o Ministério Público Federal investigue o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu por suposta participação no esquema de desvio de recursos em contratos do governo federal com a Delta.
Depoimentos mudos
Já o deputado Luiz Pitimann reclamou das decisões judiciais que beneficiaram os depoentes com o direito de permanecerem calados na CPMI.
Reportagem – Rodrigo Bittar
Edição – Newton Araújo
Edição – Newton Araújo
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