Janete Capiberibe foi a 1ª a ser diplomada pela Justiça após a decisão do STF de adiar a lei
Marina Novaes, do R7
Prestes a voltar à Câmara Federal, Janete Capiberibe (PSB-AP) pretende reassumir sua vaga na Frente Parlamentar de Combate à Corrupção e comprovar sua inocência no processo que a enquadrou como “ficha suja” nas eleições de 2010.
Diplomada no início do mês pela Justiça Eleitoral, a socialista – que foi candidata a deputada federal mais votada no Amapá – disse, em entrevista ao R7, que foi vítima de uma “ação fraudulenta”, o que pretende provar ainda neste mandato. Ela, porém, nega – emocionada – ter desejo de vingança e se disse tranquila em relação ao futuro.
- Eu não tenho o sentimento de vingança, nada disso. Eu quero entrar tranquilamente na Câmara e dar sequência ao meu trabalho como deputada.
Janete e o marido, o ex-senador João Capiberibe (PSB), foram enquadrados na Lei da Ficha Limpa, por terem tido seus mandatos cassados, entre 2005 e 2006. Eles foram acusados de pagar duas parcelas de R$ 26 para comprar votos, nas eleições de 2002, mas testemunhas revelaram à Justiça, no ano passado, que a ação foi armada e que os supostos eleitores “comprados” pelo casal receberam dinheiro para acusá-los. O caso ainda é investigado pelo Ministério Público Federal.
Enquanto acompanha o andamento das investigações, Janete aguarda com ansiedade o retorno ao Congresso, para dar início ao seu quarto mandato como deputada. A expectativa é que a posse da socialista ocorra ainda em junho deste ano – cinco meses após o início oficial da legislatura atual. Já o marido ainda luta na Justiça para assumir seu mandato como senador, pelo qual foi eleito.
Leia abaixo os principais trechos da entrevista:
R7: A senhora foi barrada pela Lei da Ficha Limpa e acabou ficando com fama de “ficha suja”. Qual é a sensação de poder assumir agora, quase seis meses depois?
Janete Capiberibe: Eu sempre fui militante das causas sociais, lutei contra a Ditadura Militar e votei favoravelmente à lei Ficha Limpa. Inclusive, nós criamos a Lei da Transparência, ou a Lei Capiberibe [Lei Complementar 131, sancionada em 2009, de autoria de João Capiberibe], uma lei inovadora que pede a transparência dos gastos e é contra a corrupção. Nós fomos vítimas, em 2004, de um processo fraudulento, segundo o qual nós teríamos comprado dois votos por R$ 26, em duas prestações, o que nos fez perder os mandatos. Mas pela terceira vez eu não só fui eleita, como fui a deputada mais votada do meu Estado. [Fica emocionada]. Então a minha expectativa é muito grande.
R7: Qual é a primeira coisa que pretende fazer ao assumir como deputada federal?
Janete: Eu vou imediatamente retornar à Frente Parlamentar de Combate a Corrupção, da qual eu faço parte. E, entre outros projetos, eu vou estar aí apoiando o fim do foro privilegiado, porque o foro privilegiado acoberta parlamentares que, quando administradores públicos, cometeram crimes com o dinheiro da população. [...] E eu também tenho um projeto, que quero retomar, que imprime imediatamente os votos digitais e dá segurança ao eleitor. [...] Enfim, há muitas atividades que eu quero retomar na Câmara, e que estão paralisadas porque não são prioridade dos demais parlamentares.
R7: A senhora disse, ao ser diplomada, que pretende provar a sua inocência e a de seu marido. Como esperam fazer isso?
Janete: [...] Eu não tenho o sentimento de vingança, nada disso. Eu quero entrar tranquilamente na Câmara, dar sequência ao meu trabalho como deputada. [...] Mas nós fomos vítimas de uma trama sem pé nem cabeça. Eu e o Capiberibe somos companheiros de vida e de luta. Pra nós, a nossa honra, a nossa ficha limpa é muito importante, porque não há contra nós nenhum processo por desvio de recurso público ou de outro tipo. Pela nossa vida política, nossa família, nossos filhos, nossos eleitores, é muito importante que a gente leve esse processo até o fim, para que seja comprovada a nossa inocência e isso seja divulgado. Eu tenho que limpar essa mácula que impuseram à nossa vida política, pelo simples fato que combatemos a corrupção.
Janete: [...] Eu não tenho o sentimento de vingança, nada disso. Eu quero entrar tranquilamente na Câmara, dar sequência ao meu trabalho como deputada. [...] Mas nós fomos vítimas de uma trama sem pé nem cabeça. Eu e o Capiberibe somos companheiros de vida e de luta. Pra nós, a nossa honra, a nossa ficha limpa é muito importante, porque não há contra nós nenhum processo por desvio de recurso público ou de outro tipo. Pela nossa vida política, nossa família, nossos filhos, nossos eleitores, é muito importante que a gente leve esse processo até o fim, para que seja comprovada a nossa inocência e isso seja divulgado. Eu tenho que limpar essa mácula que impuseram à nossa vida política, pelo simples fato que combatemos a corrupção.
R7: A senhora é a favor da Lei da Ficha Limpa, mesmo após o que ocorreu?
Janete: O senador Capiberibe votou pela Lei da Ficha Limpa. Eu, na Câmara votei, em junho do ano passado, a favor da Lei da Ficha Limpa. Mas existe um problema: tem que haver segurança jurídica dos processos, senão a democracia fica em risco. Porque eu tenho certeza que eu e meu esposo somos ficha limpa. Certeza absoluta. Agora, a Justiça tem que ser igual para todos, senão o eleitor fica à mercê da interpretação dos tribunais. E é muito importante que fique claro: votei a favor da Ficha Limpa, sou contra o foro privilegiado, e vou retomar minha atuação dentro da frente da corrupção.
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