Brasil Econômico - Rafael Abrantes
Sindicalistas nos canteiros de grandes obras do PAC
(Programa de Aceleração do Crescimento) devem aumentar a pressão sobre o
governo para atender suas reivindicações no ano que vem. O pretexto são as
manifestações de operários sobre as condições de trabalho nas obras das usinas
hidrelétricas de Belo Monte (PA) e Jirau/Santo Antonio (RO), no primeiro
semestre, e que ainda causam atritos entre lideranças sindicais e empreiteiras.
“Em 2013, vamos fazer greve à vontade. Temos de mudar nosso relacionamento com
as empreiteiras. Ou seja, elas mudam de comportamento ou vamos fazer barulho”,
afirmou o deputado federal e presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da
Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força. As críticas ao ‘ambiente de trabalho’
também se estendem aos canteiros de rodovias e ferrovias federais. Neste
sentido, parlamentares, empresas e governo federal discutem na Câmara a
implementação de um acordo nacional padrão para todas as obras do PAC. Negociado
em mesa tripartite, o acordo busca equilibrar direitos e serviços aos operários
dos canteiros federais em todas as regiões do país, e de acordo com a dimensão
da obra. “Há uma grande divergência de procedimentos entre as usinas
hidrelétricas (em construção) no Norte, por exemplo. É possível um quadro de
tensão em Belo Monte devido à defasagem (de remuneração) em relação a Jirau”,
afirma Sebastião Bala Rocha (PDT-AP), deputado federal e presidente da Comissão
de Trabalho, Administração e Serviço Público da Câmara. Segundo o pedetista, o
maior empecilho para se atingir um acordo nacional vem das empresas
consorciadas e responsáveis pelas obras, que alegam dificuldades em assumir
regras diferentes das assinadas em contrato. No fim de novembro, um acordo
coletivo acordado com a construtora Andrade Gutierrez deu aos cerca de 12 mil
operários de Belo Monte 11% de reajuste salarial, aumento do vale-refeição de
R$ 100 para R$ 200, e redução 180 para 90 dias o período de trabalho entre
folgas, chamadas de ‘baixada’. A possibilidade de novas manifestações à beira
do rio Xingu, ressalva Bala Rocha, pode ocorrer devido às diferenças em
benefícios com Jirau. “O valor do vale-alimentação ainda é R$ 100 menor, e os
salários 20%”, diz. “A pressão deve ser agora sobre Belo Monte. Vamos brigar
para que seus trabalhadores alcancem o mesmo patamar de Jirau”, completa o
deputado, que já organiza novas visitas aos canteiros de obras logo após o
recesso do fim de ano. Entre as diferenças criticadas por sindicalistas está a
defasagem média de 20% no piso salarial de operários do PAC entre as regiões
Norte e Sudeste. Um padrão de serviços, como alimentação, também é cobrado no
acordo, ainda sem prazo para conclusão.
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