Foto: Globo Amazônia
Nos últimos 40 anos os governos brasileiros
implementaram planos de ação com o objetivo de desenvolver a Amazônia, talvez
para tentar fazer frente às “ameaças” internacionais. Ocorre que todas essas
investidas resultaram em desastre. O retrato dessas políticas míopes de ocupação
da Amazônia acaba de ser revelado pela Rede Amazônica Socioambiental
Georreferenciada, formada por instituições da sociedade civil e de pesquisa na
região, através do atlas intitulado “Amazônia Sob Pressão” que está sendo
lançado hoje, durante o Fórum Amazônia Sustentável, em Belém do Pará. Tive o
privilégio de ver o atlas antes do lançamento e logo senti como se o sangue
tivesse fugido das minhas veias, tamanho o susto, face a gravidade das
informações. Os dados revelam que no período de 2000 a 2010 foram desmatados
240 mil km² de floresta amazônica, o que representa uma área do tamanho do Estado
de São Paulo ou a totalidade do território do Reino Unido. O estudo alerta que
se as ameaças identificadas em projetos rodoviários (estradas ou multimodais),
de petróleo e gás, mineração, hidrelétricas se tornarem pressões no futuro
próximo, até metade da Amazônia atual poderia desaparecer. Há uns dois meses li
o livro do jornalista Juan Carlos Cal, do jornal El Mundo, da Espanha,
intitulado “El Traspasado Corazón del Mundo” em que ele destaca um
estupendo arco de desmatamento que se estende do Brasil para a Bolívia, uma
área de pressão sobre água, de exploração de petróleo na Amazônia Andina,
especialmente no Equador, e um anel periférico de mineração altamente
impactantes. As pressões e ameaças à Amazônia mostram que as paisagens de
floresta, da diversidade socioambiental e de água doce estão sendo substituídas
por paisagens degradadas, áreas de savanas, extensões de terras secas e mais
homogêneas, graças aos pontos de pressão e ameaça através de projetos de
estradas, petróleo e gás, hidrelétricas, mineração, desmatamento e focos de
calor. O estudo é relevador e põe os dirigentes dos países amazônicos, aí incluídos
o Brasil, o Peru, a Bolívia, o Equador, a Colômbia e a Venezuela na parede e
sugere um redirecionamento das políticas para a região. Esse atlas pode ser um
balizador para tomada decisão, mas se nada for feito e se todos os interesses
econômicos que se sobrepõem se concretizarem nos próximos anos, a Amazônia vai
se tornar uma grande savana com focos de floresta e as gerações futuras, de um
futuro não muito distante, vão sofrer as conseqüências.
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