Oscar Niemeyer marca um tempo da história do
Brasil. Oscar foi o maior artista brasileiro, um personagem extraordinário, uma
pessoa humana excepcional. Sua personalidade tem duas faces principais. A
primeira é a sua coerência de artista, com uma obra que se afirmou na beleza,
na busca constante do que ele chamava de invenção. Essa visão que descobriu no
Palácio dos Doges, em Veneza, os princípios construtivos explorados no limite
das possibilidades, que permitiu que fizesse os maiores vãos que a arquitetura
conhece e, ao mesmo tempo, conseguisse a completa intimidade da Casa das
Canoas, essa obra prima de integração com a natureza.
O respeito e a espontaneidade do traço,
estabelecendo um sentimento permanente do novo. O outro aspecto foi sua
coerência humana. Jovem ainda, optou por se dedicar ao socialismo, a mais generosa
das opções da história da política. Foi comunista, enquanto existiu o Partido
Comunista; continuou comunista, depois que desapareceu o Partido Comunista. Sua
crença na necessidade de uma solidariedade absoluta, sua dedicação à amizade e
à vida foram uma das grandes lições de nosso tempo. Tive o privilégio de
conviver com Oscar Niemeyer. Presidente da República, chamei-o de volta a
Brasília, onde recriamos o Conselho de Arquitetura e Urbanismo, e fizemos
várias obras. Se a arte brasileira tem seu reconhecimento internacional, é na
extraordinária presença que Oscar Niemeyer deixa no mundo inteiro, com o seu
gênio e sua capacidade de invenção e de reinvenção a qualquer tempo.
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