A proposta do líder do PT no Senado, Walter
Pinheiro (BA), para a nova distribuição do Fundo de Participação dos Estados
promete causar muita polêmica no Congresso Nacional. Para minimizar a grita
inerente a todo projeto que envolve direcionamento de recursos para os estados,
o Senador estabeleceu que, nos próximos anos, todas as unidades da Federação
receberão, no mínimo, o mesmo valor que obtiveram em 2012, corrigido pela
inflação. Mas qualquer arrecadação que ultrapasse esse montante seguirá uma
nova base de cálculo, pela qual 15 das 27 unidades da Federação receberão
percentuais menores que os atuais, inclusive o Rio. Na nova distribuição dos
royalties do petróleo, por exemplo, o montante destinado aos estados não
produtores seguirá exclusivamente esses novos percentuais do FPE. Os estados mais prejudicados na divisão da cota adicional da arrecadação dos
impostos que formam o FPE serão Tocantins, Amapá, Rio Grande do Sul e Santa
Catarina. Mas o Rio de Janeiro também terá perdas. Hoje, o estado do Rio recebe
1,53% do total do FPE. A partir da nova regra, toda arrecadação adicional
seguirá uma nova divisão. Nela, o Rio ficará com 1,2% do montante e continuará
sendo o terceiro com menor percentual do bolo total do fundo atrás de São Paulo
e Santa Catarina, que também perderão na nova regra. Por outro lado, os estados
que mais vão ganhar com as novas medidas são Amazonas, Pará, Alagoas, Piauí e
Minas Gerais. Walter Pinheiro, no entanto, tem um trunfo decisivo: o tempo está a seu favor.
A aprovação da nova regra é a prioridade número zero de todos os governadores
desde que o Supremo decidiu que a norma atual só poderia ser usada até 31 de
dezembro deste ano. Com isso, os parlamentares terão apenas três semanas para
chegarem a um consenso ou então ficarão à míngua. O senador usou como princípio
para a nova divisão o tamanho da população de cada estado e sua renda
domiciliar per capita. Como o Fundo de Participação dos Estados tem como
premissa a redução de desigualdades, quanto menor for a renda per capita e
maior a população, mais recursos o estado ganhará. Há, no entanto, uma trava no
fator populacional para que sobretudo São Paulo, que tem 22% da população do
país mas é o estado mais rico da Federação, não receba um montante elevado. O
relator estabeleceu que nenhum estado poderá receber como se tivesse mais que
7% da população do país. A Bahia, estado do relator, têm 7,4% da população. Ainda assim, a Bahia está
entre os que terão perda, mesmo que pequena, no cálculo dos recursos adicionais. Os Senadores do Rio, que responde por 8,4% da população do país, já começaram a
se articular para elevar essa trava para 9%. Há também outra trava para que
haja um fator redutor sobre os percentuais dos estados que têm renda familiar
per capita muito elevada. Apesar das muitas nuances, Pinheiro acredita que a
fórmula é a que melhor compatibilizou os múltiplos interesses em jogo. - Não
tem engenharia que consiga fazer a unificação disso. Do contrário, você vai ter
27 propostas diferentes, de forma que cada um faça seu estado ser beneficiado.
O meu estado perde, mas o Amazonas ganha, o Piauí ganha, o Pará ganha. Ou aprova
dessa forma ou vai se conviver com outra alternativa, que é pior: zerar a
distribuição em janeiro - disse o relator. - O elemento capaz de dar liga é
manter o piso de todo mundo. Apenas se tiver incremento de receita se aplicará
essa regra. No fundo, ninguém vai ter perda. Representante de um dos estados mais atingidos pela proposta, o Senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) promete atuar
contra a medida: - Esse substitutivo é uma fraude na Federação. Se o Rio se
levantou contra os royalties, metade da Federação se declarará contra essa
matéria. A Constituição diz que um dos objetivos do FPE é reduzir as
desigualdades regionais, mas esse projeto amplia as desigualdades.
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