quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Governo Sarney

Você sabia que Sarney foi marginalizado dentro da ARENA por que defendia o fim do regime militar?

Que Sarney era amigo de Glauber Rocha e de setores da esquerda brasielira e que, em abril de 1963, foi um dos signatários mais ativos do manifesto da “Bossa Nova”, apresentado em Curitiba, na convenção nacional da UDN, pregando uma linha de centro-esquerda, inspirada no programa de desenvolvimento com justiça social da doutrina da Igreja Católica. Politicamente, o grupo apoiava as propostas reformistas que eram consideradas nacionalistas e de interesse popular, tais como as leis antitruste e de remessa de lucros, a defesa das riquezas minerais, o combate à inflação, a reforma da lei de imposto de renda e a extinção das ações ao portador, entre outras. Segundo Maria Vitória Benevides, poucos dias antes do movimento político-militar que depôs João Goulart, Sarney foi um dos primeiros a protestar contra, discursando na Câmara advertindo para o perigo das soluções fáceis para as crises:


“O regime de opressão e de opróbrio jamais satisfaz o povo. Foi através da democracia, da manifestação do pensamento em praça pública e do voto que os trabalhadores conseguiram conquistar a situação de que hoje desfrutam. Por isso mesmo, recuso-me a acreditar que uma política popular possa, em algum momento, conjugar-se com a supressão das liberdades políticas”.


Você sabia também que o presidente Geisel colocou Sarney na presidência da então ARENA justamente para acabar com o regime militar? O presidente tinha confiança no caráter conciliador e na fama de democrata do maranhense. Sarney tinha relatado projetos favoráveis à abertura política no Congresso. Tinha sido até marginalizado entre seus pares no partido porque sua missão era enfrentar aqueles que eram contrários à transição democrática. Diante dos atentados terroristas de esquerda e da “linha dura” do Exército, setores do partido queriam endurecer, ou seja, a continuidade do regime. Eram contrários à missão de Sarney. Portanto, ele foi o homem escolhido pelo presidente Geisel para neutralizar tais setores do partido para garantir a transição. Por isso, mais tarde, no Colégio Eleitoral, após naufragar a “Diretas Já”, o natural foi a união entre dois personagens mais sensíveis e conciliadores no grave cenário político: Tancredo e Sarney. Este, em pleno regime, criou mecanismos de consulta com a oposição (MDB). Procurou Ulisses e o senador Tancredo Neves para estabelecer o que chamou de “mecanismos de consulta”, através dos quais os partidos teriam respeitadas as suas posições, mas buscariam encontrar “um terreno comum de interesse público”.



Depoimento:


Demoracia e Sarney


"Tinha 34 anos quando a Marinha mandou-me servir no Palácio do Planalto, no Gabimete Militar da Presidencia (Tancredo Neves -eleito). Vivi todo o sofrimento desse notável brasileiro de perto que veio a falecer antes de assumuir o poder. Entretanto, como brasileiro, tenho obrigação de dizer que pouquíssimos políticos fariam uma transição democrática como Sarney o fez. Apesar de todas as chantagens do Sr "Ulisses" (para ter mais poderes e mandar no governo), Sarney manteve a paz e enfrentou 1.200 greves durante seu governo. Hoje podemos dizer que vivemos numa democracia plena graças a ele. A História dirá no futuro, não há como fugir dos fatos".

Alvaro José Telea Pacheco (Do "Bronca Geral" do Cláudio Humberto - 17/02)

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