quarta-feira, 8 de junho de 2011

Governo terá de reavaliar relação com o Congresso, diz Marco Maia


Presidente da Câmara afirma que, após a demissão do ex-chefe da Casa Civil Antonio Palocci, "é preciso que as pontes sejam restabelecidas". Apesar da saída do governo, a oposição ainda quer ouvir o ex-ministro.

Beto Oliveira
Presidente Marco Maia - Tema: Recrudescimento da violência e da impunidade no campo
Para Marco Maia, saída de Palocci não afetou a Câmara dos Deputados.
O presidente da Câmara, Marco Maia, disse que, com a demissão do ex-ministro-chefe da Casa Civil Antonio Palocci na tarde desta terça-feira, o governo terá que rediscutir sua relação com o Congresso. Segundo ele, isso deverá ser feito com os líderes da base aliada. “É preciso que as pontes sejam restabelecidas”, disse, negando, entretanto, que as denúncias contra Palocci tenham gerado crise na Câmara.
Marco Maia contou que o agora ex-ministro ligou pessoalmente para ele pouco antes de entregar carta à presidente da República, Dilma Rousseff, informando-lhe sobre seu pedido de afastamento.
Lamentando a saída de Palocci, Marco Maia destacou que o ex-chefe da Casa Civil era um importante articulador político da presidente e teve participação relevante na eleição de Dilma. “Todos nós temos que lamentar essa situação. Expresso meu sentimento de solidariedade ao Palocci e espero que ele possa ter colhido os ensinamentos necessários para o futuro da sua carreira.”

Oposição ainda quer ouvir Palocci

Marco Maia afirmou ainda que, com o pedido de demissão, ficou prejudicada a questão de ordem apresentada por deputados da base do governo na semana passada, em relação à aprovação de requerimento para a convocação de Palocci pela Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural.

Os deputados Odair Cunha e Ronaldo Caiado avaliam o efeito que a saída de Antônio Palocci causará no Governo Dilma, em entrevista à Rádio Câmara.
No entanto, para os líderes do PSDB, deputado Duarte Nogueira (SP), e do DEM, deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (BA), ainda que a demissão de Palocci acabe com a crise do governo e prejudique a convocação, não desobriga o ex-ministro de dar explicações sobre o seu enriquecimento nos últimos quatro anos e a atuação de sua empresa de consultoria, a Projeto. Segundo reportagem do jornal Folha de S.Paulo, o patrimônio de Palocci teria aumentado 20 vezes no referido período.

“Vamos encaminhar seis representações contra o ex-ministro ao Ministério Público. A oposição, no momento adequado, vai apresentar convite para que Palocci venha à Câmara”, disse Magalhães Neto. Segundo ele, a oposição tentará agora também um convite para que Palocci compareça à Câmara como pessoa física para explicar seu aumento patrimonial.

Os líderes do PSDB e do DEM evitaram comemorar vitória, mas ressaltaram o papel da oposição ao pressionar o ex-ministro. “Essa é uma vitória da sociedade, mas fomos um instrumento para insistir que as denúncias não caíssem no esquecimento”, disse Duarte Nogueira.

Governo nega tráfico de influência

Em defesa do ex-chefe da Casa Civil, o líder do governo, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), negou que Palocci tenha caído por possibilidade de tráfico de influência. “Palocci nunca usou dados sigilosos do governo para favorecer empresas, e esses fatos ocorreram no ano passado, quando ele não era ministro”, ressaltou. “Ele saiu porque o quadro político inviabilizava a sua atuação na Casa Civil.”

Vaccarezza também afastou a tese de que o governo estaria paralisado por conta da crise e da falta de unidade na base aliada. “Nunca houve paralisação do Congresso. Nos últimos cinco meses, aprovamos 18 medidas provisórias na Câmara e 15 no Senado”, ponderou.

Para o líder do PT, deputado Paulo Teixeira (SP), o momento é de “virar a página” e discutir propostas que sejam importantes para o País. O líder confirmou ainda que o ex-ministro decidiu sair por entender que a sua presença poderia prejudicar o governo Dilma Rousseff.

Ele avalia que a entrada da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), convidada para assumir o cargo, deverá provocar um rearranjo no diálogo do governo com o Congresso, como prevê o presidente Marco Maia.
Eleita senadora com a maior votação no Paraná em 2010, com 29,50% dos votos válidos, Gleisi Hoffmann é casada com o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. Foi secretária municipal de Gestão Pública em Londrina (PR) e secretária estadual de Reestruturação Administrativa em Mato Grosso do Sul. Também ocupou a diretoria financeira da hidrelétrica Itaipu Binacional.
Reportagem – Carol Siqueira e Janary Júnior
Edição – Ralph Machado

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