terça-feira, 1 de novembro de 2011

Gilvam Borges

Artimanhas da disputa

"Perguntaram pra mim, se ainda gosto deles, respondi com o ódio que ainda morro de amor por eles." A frase da conhecida canção popular, retrata bem a relação conflituosa entre o eleitor e o candidato. Lá vem eles, parecem periquitos, só aparecem na época das mangas. Todo tempo é assim. Eleição à vista e surgem as pré-candidaturas. Umas, pela necessidade constante de estar na mídia e poder sentar-se naquela importante mesa de negociação das alianças. Outras, são candidaturas natas e com projetos já consolidados em eleições anteriores com propostas de prosseguimento do trabalho prestado à população. Algumas, nascem do idealismo de superação máxima de abrir espaços e enfileirar-se junto aos que conseguem  homologação dos seus partidos. Por outro lado, existem aquelas candidaturas que vêm subsidiadas pelas instituições que possuem projeto de poder na ocupação geopolítica, estruturando o planejamento  de todos os pleitos subseqüentes. Aí vêm os pré-candidatos a prefeito do município de Macapá, que devem somar - pelo menos até agora - dez nomes. Governo do Estado, Cristina Almeida, poderá ou não vir a ser a preferida. Há quem diga que ela  já está na frigideira, ou seja, a lagarta pode nem virar borboleta. Prefeitura de Macapá, Roberto Góes, confirma para os mais íntimos que virá à reeleição. Câmara de Vereadores, Clécio Luís (de Randolfe) e Rilton Amanajás. Assembléia Legislativa, deputados Edinho Duarte, Michel JK, Eider Pena, buscando simpatia e apoio do presidente da Casa, Moisés Souza. Câmara Federal, Evandro Milhomem, Davi Alcolumbre e Dalva Figueiredo. A quantidade de candidatos nos diz duas coisas: democracia em pleno vapor, oferecendo um elenco diversificado de bons nomes num self-service para o grande eleitorado.  Segundo, imaturidade política das lideranças que não conseguem otimizar as forças para conseguir lograr êxito em suas pretensões, devido a acordos anteriores não cumpridos que levam candidatos à decepções e mágoas. Sinal forte de atraso, desconhecimento  e pouca vivência. Em outros estados da Federação, onde há maior e mais evidente amadurecimento político, não vemos grande número de candidatos numa eleição decisiva. Ao contrário, as lideranças conversam, analisam e escolhem um nome de consenso que receberá o apoio de todos. Entre nós, ainda estamos engatinhando. A arrogância, a vaidade exacerbada e a falta de compromisso com o futuro, cega alguns postulantes que preferem a morte ao diálogo inteligente, a autocrítica, a humildade, trazendo conseqüências para si mesmos e influenciando negativamente os outros concorrentes. Nesse contexto, o quadro evoluirá com fluxo e refluxo de candidaturas, ao sabor dos entendimentos. O candidato mais difícil de identificar se concorrerá ou não, é o pé de pano, anda tão macio, como os tigres nas folhas secas. Quando menos se espera, ele dá o bote.

Gilvam Borges é senador da República e líder da oposição no Amapá

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