Raymundo costa/Valor Econômico
Apesar das dificuldades na relação com a base de
apoio parlamentar, a presidente Dilma Rousseff conta com o apoio de 70% dos 100
Senadores e deputados que formam opinião no Congresso, segundo mapeamento feito
pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), organismo vinculado
às centrais sindicais. "O problema da coordenação e articulação só será resolvido com
interlocução política qualificada", diz Antônio Augusto Queiroz, diretor
do Diap. "Isso pressupõe trocar a coordenação política e se relacionar bem
com os formadores de opinião no Congresso", afirma Toninho, como é mais
conhecido. Prova disso, segundo o diretor do Diap, é que "embora os
protestos de junho não tenham sido contra Dilma, mas contra as instituições de
um modo geral, a presidente chamou para si a responsabilidade e improvisou uma
série de respostas que acabaram mal recebidas pelo Congresso". Poderia ser
diferente se Dilma, além dos líderes, como passou a fazer desde segunda-feira,
ampliasse o diálogo para as pessoas certas nos lugares certos do Congresso. O
mapeamento é um dos mais respeitados do Congresso e serve para o lobby dos
movimentos sindicais junto aos congressistas. A pesquisa, realizada desde 1994,
está em sua 20ª edição. Nesta fase, o Diap identifica os 100 parlamentares
"que conduzem o processo decisório no Poder Legislativo", radiografia
feita a partir de uma metodologia que tenta "afastar a subjetividade,
eliminando qualquer vício, discriminação ou preferência de natureza partidária,
doutrinária, ideológica ou econômica", diz Queiroz. Dos 100 parlamentares
que comandam o processo decisório no Congresso, 61 são deputados e 39 são
Senadores. "Proporcionalmente, o Senado encontra-se
hiper-representado", diz o estudo, denominado pelo Diap de "Cabeças
2013". A representação dos Senadores na composição do Congresso é de
13,6%, no levantamento, aparece com 39%. Já a Câmara, com 86,3% da composição
do Poder Legislativo, participa da elite com 61%. Partidos da base de apoio ao governo - PT, PMDB, PDT, PCdoB, PR, PSB e PP -
reúnem 66% da elite do Congresso. O PT lidera com 26 nomes, seguido do PMDB,
com 16. Em seguida estão o PDT, com 7, o PCdoB, com 6, o PR, com 5, o PSB, com
4, e o PP, com 2. "Embora se declarem independentes, votam
majoritariamente com o governo o PTB, com 6, o PSD, com 3, e o PV, com 1".
A oposição, com 24% da elite, é liderada pelo PSDB, com 13 parlamentares, o
DEM, com 6, o PPS e o PSOL, com 3 cada. Mas a oposição cresceu no levantamento
atual em relação a 2012: dos 10 novos congressistas que entraram para a lista,
4 são oposicionistas. O mapeamento de 2013 identifica os parlamentares que são
referências em áreas específica (ver tabela). "O Executivo conta com quase
70% da elite parlamentar, mas não aproveita o potencial desses aliados, que
gozam de prestígio, saber ou capital de relações que poderia ser colocado a
serviço do governo", diz Queiroz. Dos 100 parlamentares identificados, 22
são de segundo mandato, sendo 16 deputados e apenas 6 Senadores, diz a
publicação do Diap. "Dos 25 Senadores em primeiro mandato, 6 estão na
segunda das duas legislaturas que formam o mandato de Senador". Dos 100
parlamentares da 1ª edição da série os "Cabeças" do Congresso, em
1994, apenas 5 - se mantiveram na lista em todos os 20 anos da publicação,
"demonstrando grande prestígio, influência e capacidade de
articulação" - o deputado Inocêncio Oliveira (PR-PE) e os Senadores José Sarney
(PMDB-AP), Paulo Paim (PT-RS), Eduardo Suplicy (PT-SP) e Pedro Simon (PMDB-RS).
Em relação a 1994 (ver tabela), o PT foi o partido que mais cresceu,
numericamente, na elite: saltou de 12 para 26. O PMDB perdeu dez, enquanto o
PSDB, que chegou ao poder naquele ano, passou de 18 para 12, desempenho
inferior ao do antigo PFL (atual DEM), que chegou a ter 22 entre os
"Cabeças".
Veja também:
Faça download da
publicação dos "Cabeças", desde 1995
Veja estatística da
série dos Dez mais do Congresso Nacional
Veja resumo para a
imprensa
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