quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Dilma tem apoio de 70% da elite parlamentar. Sarney é destaque.

Raymundo costa/Valor Econômico

Apesar das dificuldades na relação com a base de apoio parlamentar, a presidente Dilma Rousseff conta com o apoio de 70% dos 100 Senadores e deputados que formam opinião no Congresso, segundo mapeamento feito pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), organismo vinculado às centrais sindicais. "O problema da coordenação e articulação só será resolvido com interlocução política qualificada", diz Antônio Augusto Queiroz, diretor do Diap. "Isso pressupõe trocar a coordenação política e se relacionar bem com os formadores de opinião no Congresso", afirma Toninho, como é mais conhecido. Prova disso, segundo o diretor do Diap, é que "embora os protestos de junho não tenham sido contra Dilma, mas contra as instituições de um modo geral, a presidente chamou para si a responsabilidade e improvisou uma série de respostas que acabaram mal recebidas pelo Congresso". Poderia ser diferente se Dilma, além dos líderes, como passou a fazer desde segunda-feira, ampliasse o diálogo para as pessoas certas nos lugares certos do Congresso. O mapeamento é um dos mais respeitados do Congresso e serve para o lobby dos movimentos sindicais junto aos congressistas. A pesquisa, realizada desde 1994, está em sua 20ª edição. Nesta fase, o Diap identifica os 100 parlamentares "que conduzem o processo decisório no Poder Legislativo", radiografia feita a partir de uma metodologia que tenta "afastar a subjetividade, eliminando qualquer vício, discriminação ou preferência de natureza partidária, doutrinária, ideológica ou econômica", diz Queiroz. Dos 100 parlamentares que comandam o processo decisório no Congresso, 61 são deputados e 39 são Senadores. "Proporcionalmente, o Senado encontra-se hiper-representado", diz o estudo, denominado pelo Diap de "Cabeças 2013". A representação dos Senadores na composição do Congresso é de 13,6%, no levantamento, aparece com 39%. Já a Câmara, com 86,3% da composição do Poder Legislativo, participa da elite com 61%. Partidos da base de apoio ao governo - PT, PMDB, PDT, PCdoB, PR, PSB e PP - reúnem 66% da elite do Congresso. O PT lidera com 26 nomes, seguido do PMDB, com 16. Em seguida estão o PDT, com 7, o PCdoB, com 6, o PR, com 5, o PSB, com 4, e o PP, com 2. "Embora se declarem independentes, votam majoritariamente com o governo o PTB, com 6, o PSD, com 3, e o PV, com 1". A oposição, com 24% da elite, é liderada pelo PSDB, com 13 parlamentares, o DEM, com 6, o PPS e o PSOL, com 3 cada. Mas a oposição cresceu no levantamento atual em relação a 2012: dos 10 novos congressistas que entraram para a lista, 4 são oposicionistas. O mapeamento de 2013 identifica os parlamentares que são referências em áreas específica (ver tabela). "O Executivo conta com quase 70% da elite parlamentar, mas não aproveita o potencial desses aliados, que gozam de prestígio, saber ou capital de relações que poderia ser colocado a serviço do governo", diz Queiroz. Dos 100 parlamentares identificados, 22 são de segundo mandato, sendo 16 deputados e apenas 6 Senadores, diz a publicação do Diap. "Dos 25 Senadores em primeiro mandato, 6 estão na segunda das duas legislaturas que formam o mandato de Senador". Dos 100 parlamentares da 1ª edição da série os "Cabeças" do Congresso, em 1994, apenas 5 - se mantiveram na lista em todos os 20 anos da publicação, "demonstrando grande prestígio, influência e capacidade de articulação" - o deputado Inocêncio Oliveira (PR-PE) e os Senadores José Sarney (PMDB-AP), Paulo Paim (PT-RS), Eduardo Suplicy (PT-SP) e Pedro Simon (PMDB-RS). Em relação a 1994 (ver tabela), o PT foi o partido que mais cresceu, numericamente, na elite: saltou de 12 para 26. O PMDB perdeu dez, enquanto o PSDB, que chegou ao poder naquele ano, passou de 18 para 12, desempenho inferior ao do antigo PFL (atual DEM), que chegou a ter 22 entre os "Cabeças".

Veja também:

Faça download da publicação dos "Cabeças", desde 1995

Veja estatística da série dos Dez mais do Congresso Nacional

Veja resumo para a imprensa

Veja estatística da série, desde 1994

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