O senador Fernando Collor (PTB-AL) informou nesta
quinta-feira (8) que o Senado enviou ao procurador-geral da República, Roberto
Gurgel, ofício com pedido de informações. O requerimento contém 17 perguntas
sobre a aquisição e uso do chamado Sistema Guardião, usado para interceptação
telefônica e de dados. Os questionamentos foram motivados por relatório
apresentado ao Conselho Nacional do Ministério Público pelo conselheiro Fabiano
Silveira. O texto aponta que, das 30 unidades do Ministério Público no país, 21
possuem ou têm acesso a sistemas de monitoramento de interceptações telefônicas.
Dessas, 17 possuem equipamento próprio para as escutas e gravações.
- Somente no último mês de maio deste ano, estavam
sob monitoramento das promotorias em todo o país 16.432 telefones de 9.558
pessoas, sem autorização judicial. Isso dá uma pequena ideia do estado
policialesco em que se transformou o Ministério Público sob a condução do
senhor Roberto Gurgel – acusou o senador.
Collor quer saber, entre outras coisas, se o
Ministério Público dispõe de aparelhos ou sistemas de interceptação telefônica,
como foram adquiridos, quais unidades os utilizam e se há servidores treinados
para usar os sistemas e fazer análises de inteligência. Além disso, Collor
questiona os fundamentos legais das interceptações por parte do Ministério
Público e a maneira como as informações são utilizadas.
Para ele, a utilização arbitrária desse tipo de
mecanismo extrapola as suas funções constitucionais e legalmente previstas do
Ministério Público, além de trazer riscos a direitos e garantias fundamentais. O
senador lembrou a previsão constitucional sobre as consequências da falta de
respostas a esse tipo de pedido. De acordo com a Constituição, a recusa ou o
não-atendimento, no prazo de 30 dias, significa crime de
responsabilidade.
- Seria mais um crime a se somar ao cartel do
senhor Roberto Gurgel, que já tem, além do crime de responsabilidade, a
prevaricação, a improbidade e o ilícito administrativo - disse o senador.
Agência Senado
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