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maior beneficiado no PMDB foi o senador José Sarney, com R$ 3,9 milhões para o Amapá
Por Raphael Di Cunto / Valor Econômico
Pressionada pela base aliada, a Dilma Rousseff abriu os cofres da União na
volta do recesso para tentar acalmar os parlamentares. Em seis dias, o governo
liberou R$ 200 milhões para as emendas de deputados e senadores - 10.526% a
mais do que todo o período do primeiro semestre, como mostram dados do Sistema
Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (Siaf) pelas
lideranças do DEM e PSDB a pedido do Valor. A liberação, mostra que, desta vez,
o governo está disposto a aumentar os gastos para acalmar a base, apesar das
críticas de economistas sobre a necessidade de se conter despesas. Dilma
prometeu, depois de reunião com seu conselho político no dia 30, liberar R$ 6
bilhões para os parlamentares até o fim do ano. Promessa que, lembram os
congressistas, já foi feita outras vezes, mas que não era cumprida até a crise
atingir o governo com os protestos de junho, a ameaça de derrubada dos vetos presidenciais
e a aprovação do Orçamento impositivo, que obriga a União a executar todas as
emendas individuais dos parlamentares, sem a possibilidade de contingenciá-las,
como costuma ser feito. De janeiro a 30 de junho, o governo empenhou no
Orçamento apenas R$ 1,9 milhão para as emendas individuais identificadas
nominalmente pelos parlamentares. A conta exclui as emendas feitas por bancadas
de Estados, partidos ou comissões, que não são exclusivas de um deputado ou senador
e geralmente são dirigidas para programas já previstos pelo governo. A situação
começou a mudar no recesso, com o empenho de R$ 38,2 milhões entre os dias 10 e
31 de julho, e explodiu agora que o governo decidiu agradar a base. O principal
beneficiado da nova estratégia foi o PT, que recebeu R$ 65 milhões. O PMDB,
maior defensor do Orçamento impositivo, recebeu R$ 40 milhões. Na lista de
deputados agraciados estão dois dos principais defensores da Proposta de Emenda
Constitucional (PEC) que cria o Orçamento impositivo: o presidente da Câmara,
Henrique Eduardo Alves (RN), e o relator da PEC, Édio Lopes (RR). Alves, que
ontem retirou a proposta de votação para tentar chegar num consenso, teve
empenhada emenda de R$ 1 milhão. Lopes foi o terceiro que mais recebeu no PMDB,
com R$ 3,2 milhões. O maior beneficiado no partido foi o senador José Sarney (AP),
com R$ 3,9 milhões. Para Lopes, o dinheiro não foi uma tentativa de influenciar
seu relatório. "Nunca conversei com ninguém, de nenhum escalão do governo,
sobre o Orçamento impositivo", afirmou. "O acordo com o Congresso é
liberar R$ 3 milhões para cada um. Recebi um pouco mais porque minha emenda
tinha valor maior e o governo não quer quebrar emendas", disse. O
relatório foi votado na terça-feira mantendo as regras a obrigação de pagar as
emendas individuais no valor de 1% da receita corrente líquida - o que daria R$
6,8 bilhões este ano. Isso engessaria os contingenciamentos de verba da União e
obrigaria o governo a elevar despesas. Nos dois primeiros anos do governo
Dilma, nem o empenho total de emendas chegou a este valor. Foi de R$ 4,1
bilhões em 2011 e R$ 5,7 bilhões em 2012. Além da liberação de recursos, Dilma
ainda mudou, pelo menos nesta volta do recesso, a estratégia de negociação com
o Congresso. Ao invés de designar \ministros para falar com deputados e
Senadores, prometeu reunir-se pessoalmente com os líderes quando houver
projetos importantes em votação. Novamente, congressistas lembram que essa
mudança já ocorreu outras vezes e depois foi posta de lado.
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